As contas ainda estão a ser feitas não só porque os direitos de transmissão da entrevista de Oprah Winfrey aos Duques de Sussex ainda está a ser comercializada com alguns países, como há margem para reexibições do mesmo formato. No entanto, os milhões de audiências e de euros são já impressionantes.
Num formato em que se explicou desde o início que Meghan Markle e o príncipe Harry não foram pagos para dar esta entrevista, estima-se que o canal norte-americano CBS terá entregue à Harpo, produtora de Oprah Winfrey, entre sete a nove milhões de dólares (5,8 a 7,5 milhões de euros) pela transmissão exclusiva. Um valor definido para cerca de duas horas de emissão em horário nobre e alguns excertos detalhados e cirurgicamente escolhidos para serem exibidos na manhã seguinte à transmissão da conversa única.
Mas o que faturou a estação? Segundo dados avançados pela imprensa norte-americana, a CBS teria exibido mais de 50 anúncios distribuídos antes, durante e no fim da entrevista a valerem cada um, segundo notaram as agências de meios, entre 250 a 350 mil dólares (172 e 272 mil euros). As contas foram feitas estimando um encaixe global de 20 milhões de dólares (16,7 milhões de euros) para a estação, ou seja, mais do dobro do que investiu.
Montantes que não foram confirmados pela CBS, que prefere trazer à luz outros números. O CEO do grupo para a área do entretenimento, George Cheeks, referiu que o conteúdo televisivo foi recordista em 2020-2021, tendo sido visto por 17,1 milhões de espectadores (quase duas vezes a população portuguesa), contagiando audiências para manhã seguinte, 8 de março, onde a entrevista acabou por ser minuciosamente analisada.
E como as contas não são apenas feitas na TV, fora dela a CBS conseguiu estar no primeiro lugar da appstore com a nova aplicação on demand. Um lastro que se estendeu à bolsa. Se na segunda, 8, as ações da ViacomCBS valorizaram 12%. Na sexta-feira, 12, mantendo a tendência e com a promessa de reexibição da entrevista, a subida estava nos 23%.
A estação britânica ITV pagou um milhão de libras (um milhão e 160 mil euros) pelos direitos de transmissão exclusiva da polémica entrevista logo no dia seguinte, a 8 de março. Porém, um auditório de 12,8 milhões (cerca de 1/5 da população britânica) redefiniu em alta contratos com anunciantes e entradas em novos formatos que iriam acompanhar, sob todos os pontos de vista, as réplicas deste terramoto real.
É exatamente nesse modelo que a Antena3 espanhola está apostada em investir. Programada para sábado, 13 de março, a transmissão da entrevista estava marcada para o início da noite, aproveitando a tarde para lançar o tema com os vários documentários já existentes sobre o casal.
Ao todo, a entrevista já foi vendida para mais de 70 territórios, da Austrália à Noruega, da África sub-sahariana ao Canadá, países integrantes da Commonwealth e não só.
Os números em Portugal
A primeira grande entrevista do casal após ter-se mudado para o outro lado do Atlântico terá estado “a leilão em Portugal na última semana de fevereiro”. Contudo, tendo em conta “as rígidas normas de programação” vindas de fora e o preço, não terá suscitado particular interesse juntos dos canais nacionais em sinal aberto.
O caso mudou esta semana de figura e a aquisição acabou por ser feita e anunciada esta quinta-feira, 11 de março, pela SIC. Os valores não são revelados ou confirmados, mas duas fontes conhecedoras dos processos de compras internacionais de direitos televisivos falam de um “valor base a rondar os 75 mil dólares” (63 mil euros) para um acordo que exige exibição “integral” e “em sinal aberto” e, muito provavelmente, “uma segunda transmissão” deste mesmo conteúdo.
E se é certo que produções desta natureza a leilão podem “triplicar o seu valor original” pelo conteúdo que comportam, também é verdade que o preço só disparará se houver disputa. Fontes das três estações, apenas a SIC, como se prova, confirma ter ido a jogo. RTP e TVI não o terão feito.
Em todo o caso, vários elementos revelam que um conteúdo desta natureza e desta importância “pode sempre rondar os 100 mil dólares”, equiparando-o a uma cerimónia dos “Óscares – quando suscitavam extraordinário interesse em Portugal – ou a “um filme acabado de estrear”. Porém, raramente estes produtos eram comprados à peça ou em leilão, pelo que vinham integrados “em pacotes com outros produtos televisivos ou de reserva de direitos de transmissão”, refere quem conhece estes processos.