Duas mulheres e uma caravana pela Islândia. Quem disse que as viagens têm idade?

Rosa Maria Rocha tem 70 anos, está reformada e conta com mais de 40 viagens no currículo. Com uma marca semelhante, Sofia Ribeiro, 54 anos, juntou-se à tia e sua grande amiga para partirem rumo a mais uma aventura. Desta vez, lado-a-lado, percorreram a Islândia de caravana, numa jornada que começou em Bruxelas, passou pela Dinamarca, cruzou o Atlântico Norte de ferry boat e pelas ilhas Faroe.

“Pelas minhas contas, foram mais de três mil quilómetros”, calcula Sofia, consultora de informática de gestão, percorridos entre 8 e 21 de maio. Uma viagem longa que agora, ambas, relatam ao Delas.pt e com imagens que as próprias recolheram, como pode ver na galeria acima.

A nossa primeira cascata, Gufufoss, logo à saída de Seydisfjordur.

“Acho que a viagem foi extraordinária, nem sei bem explicar o que senti”, começa por contar Rosa Maria Rocha. “A parte mais norte da Islândia tem uma paisagem diferente de tudo o que já vi até hoje. A terra preta coberta de neve, a tundra com flores, com verde, com rosa, com amarelo. Fiquei maravilhada”, conta a septuagenária que fala de quilómetros e quilómetros sem casas, sem pessoas, sem animais. “Um deserto preto”, sintetiza.

Nem as eventuais dificuldades de locomoção a impediram de subir a crateras, descer a lagos vulcânicos ou mesmo descer à base de fiordes com vista para o Atlântico. “Fiz uma mini-preparação numa clínica e estou muito contente porque consegui subir a um vulcão e depois descer”, revela, orgulhosa.

o pontinho vermelho é a mochila da Ró

Sofia diz-se encantada com a hospitalidade e com a confiança dos anfitriões islandeses. “As pessoas são muito acessíveis, acampamos num dos parques que ainda não estavam abertos ao público. Ligámos, disseram-nos para ficar, para usar o que precisássemos e que no dia seguinte falaríamos. Acabaram por não nos cobrar nada!”, conta. “Há um à-vontade muito grande”, sublinha.

Andar de caravana ao sabor do vento

Apesar do vasto currículo que ambas mulheres contam, as caravanas ainda não tinham feito parte dos planos de viagens delas. E tal só aconteceu por proposta de uma empresa do setor, a Indie Campers, que quis pôr tia e sobrinha a caminho.

Vamos a sítios que, numa excursão normal, nunca iríamos, nuca teríamos visto, paramos onde queremos”, diz Rosa Maria. Não ignora, contudo, as especificidades. “Andar de autocaravana e dormir em parques de campismo não é a mesma coisa que uma viagem normal em que se vai para hotéis, as comodidades são outras, uma pessoa tem de ir com outro espírito”, refere a septuagenária, que é dona da agência de viagens serigaita.com.

Com o volante nas mãos praticamente a maior parte do tempo e desde Bruxelas, Sofia fala em “andar ao sabor de vento”. “Fizemos o que nos apeteceu e a casa momento”, acrescenta, garantindo, contudo, que ficou muito da Islândia por ver. Aliás, “nesta época do ano ainda há muitas estradas fechadas por causa da neve”, avisa.

Ainda que a “terra do gelo e do fogo” tenha deixado impressões bem vívidas na mente de Sofia Ribeiro, e uma vontade de regresso, foram os campos de colza da Dinamarca que mais impressionaram a consultora. “São lindíssimos nesta altura do ano, de um amarelo fantástico”. Rosa também gostou, mas revela outras preferências. “A Dinamarca é arrumadinha, tem tudo muito direitinho, a Islândia é natureza bruta e tudo funciona de uma outra maneira”.

Sem planos já definidos para próximas viagens – afinal, ainda mal deu tempo para arrumar as malas desta, Rosa e Sofia acalentam ambições bem concretas. “Não queria morrer sem ir ao Tibete e ao Butão, mas não sei se consigo por causa da altitude, não sei se as minhas pernas vão deixar”, suspira a primeira, prometendo: “eu vou continuar a fazer o tratamento”.

Imagem de destaque: DR

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