A secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, disse este domingo, dia 8 de março, que “é inaceitável” a diferença entre salários de homens e de mulheres, defendendo que “há um longo caminho a percorrer” em relação às desigualdades salariais.
“Em todos os setores e muitos locais de trabalho, está-se a desenvolver a luta, quer no setor público, quer no setor privado, para exigir, exatamente, esta necessidade urgente que temos, imperativa, de um aumento significativo dos salários e será isso, também, que contribuirá para acabarmos com este fosso entre salários de homens e salários de mulheres, que é inaceitável“, afirmou à Lusa a dirigente da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP-IN).
Participando na Manifestação Nacional de Mulheres, que se realizou em Lisboa, no domingo, com a presença de milhares de pessoas vindas de várias zonas do país, Isabel Camarinha admitiu que “há um longo caminho a percorrer em relação às desigualdades salariais”, porque os salários das mulheres trabalhadoras em Portugal são, em média, 14,5% abaixo do dos homens.
“Este ano, apesar de toda a gente falar de igualdade, reconciliação, de ser necessário melhorar e aumentar os baixos salários que se praticam no nosso país, este ano, reduziu em 80 cêntimos essa diferença mensal”, declarou a dirigente sindical, referindo que é preciso que se passe das palavras à ação.
“Porque palavras bonitas, toda a gente as diz, seja as associações patronais, seja o Governo, mas a verdade é que, depois, as medidas concretas naquilo que efetivamente podia alterar as desigualdades e acabar com as desigualdades e melhorar a vida dos trabalhadores, não são tomadas“, criticou a secretária-geral da CGTP-IN.
Classificando como “importantíssima” a Manifestação Nacional de Mulheres, Isabel Camarinha assegurou que “a CGTP está sempre onde há luta pela igualdade entre mulheres e homens”, acrescentando que os objetivos desta manifestação coincidem com os dos trabalhadores, nomeadamente na luta pela igualdade e pelo aumento geral dos salários de todos os trabalhadores.
Na perspetiva da dirigente sindical, exigir melhores condições de vida e de trabalho em Portugal é “uma forma de transformar as desigualdades, acabar com as desigualdades entre mulheres e homens, e transformar a realidade social”, lembrando que a CGTP organizou a Semana da Igualdade, que decorre até segunda-feira.
“Vamos ter, no dia 26 de março, a manifestação dos jovens trabalhadores em que também se foca a questão das desigualdades nesse campo e onde também as mulheres jovens têm uma pior situação do que os homens jovens, e o combate à precariedade, o trabalho com direitos, que é fundamental”, avançou a secretária-geral da CGTP-IN.
Em todos os setores de atividade laboral estão a ser desenvolvidas lutas por estas reivindicações, apontou Isabel Camarinha, referindo que as comemorações do 1.º de Maio vão confluir essas preocupações.
Milhares de pessoas, vindas de norte a sul do país, manifestaram-se este domingo, em Lisboa, para exigir “igualdade a sério” para as mulheres, numa luta contra situações de discriminação, desigualdade e violência no trabalho, na sociedade e na família.
“As mulheres do nosso país contribuem, de uma forma decisiva, para o desenvolvimento do próprio país e é tempo de valorizar o seu valor e contributo. Não é suportável mais que, em pleno século XXI, as mulheres continuem a viver situações de tão grande discriminação e tão grande desigualdade”, disse à Lusa Sandra Benfica, do Movimento Democrático de Mulheres (MDM), responsável pela organização da Manifestação Nacional de Mulheres, que se realizou em Lisboa, assinalando o Dia Internacional da Mulher.