É isto que acontece num primeiro voo de crianças

São 9h30. Setenta e duas crianças do Centro Social Maximiliano Kolbe, em Marvila, Lisboa, chegam ao Aeroporto Humberto Delgado de autocarro. Vão abandonando o veículo e juntam-se aos pares, de mãos dadas. Entre os mais pequenos, dos 7 aos 10 anos, o entusiasmo é visível. Dão pequenos pulos, falam alto com os colegas e estão espantados por serem recebidos por tantas pessoas e câmaras de filmar. Os mais velhos, de 15 e 16 anos, são mais contidos. Trocam sussurros com os colegas da mesma idade e, provavelmente, questionam todo o aparato desta simples visita de estudo que vai acabar por lhes proporcionar um batismo de voo sobre Lisboa.

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O centro paroquial que frequentam é uma instituição particular de solidariedade social que desenvolve ações socioeducativas para crianças e adolescentes, dos 6 aos 17 anos. Normalmente só saem de autocarro no verão, quando é para ir para a praia. Esta manhã, quando viram um parado à porta do Centro Social Maximiliano Kolbe, foi exatamente isso que perguntaram às auxiliares que os acompanhavam: “Vamos para a praia?”, apesar dos 10 graus que se fazem sentir nesta manhã de outono.


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Antes de entrarem no aeroporto ouvem as últimas indicações das auxiliares. “Andem com regras, sem sair do grupo para não se perderem”, alerta Elsa Vicente, diretora técnica da instituição. Bem comportados, chegam finalmente ao aeroporto e começam a disparar a mais óbvia das perguntas: “Vamos andar de avião?”. Os adultos mantêm a postura e escondem-lhes a verdade. “As pessoas que têm bilhete vão para o avião. Tu não tens bilhete, pois não?”, dizem-lhes.

Pouco depois vão para a fila fazer o check-in e de lá trazem um bilhete. Todos lhes dizem que é só para aprenderem como se faz e voltam a sublinhar que não vão levantar voo. Mas é para o avião que se dirigem de seguida.

Assim que entra, a pequena Lara, de 8 anos, senta-se na primeira fila. “Fico aqui. Tenho medo”, desabafa. Mas acaba confortada pelo colega que vai atrás dela. “Não te preocupes, não vamos andar. É só para vermos o avião por dentro”, explica-lhe.

Quando já estão sentados, o comandante informa-os de que vão levantar voo. A maioria não consegue conter a surpresa e dá pequenos gritos de espanto. Assim que o avião descola, o silêncio toma conta das crianças e todas ficam atentas à paisagem. Ou melhor, nem todas. “Ela não consegue olhar pela janela. Tem medo”, diz, em voz alta, um dos meninos sobre a colega que tem sentada ao seu lado.

Assim que o avião aterra, três crianças saltam dos bancos e correm para abraçar o piloto – um dos momentos mais emocionantes que pode ver no vídeo e na galeria de imagens acima.

A viagem durou cerca de 30 minutos mas deve marcá-los para o resto da vida. No ar desfrutaram de um pequeno lanche que o pequeno Afonso, de 6 anos, adorou: “Não tive medo. Afinal até é fixe. Agora vamos poder comer mais espetadas de fruta?”

“Enquadra-se dentro da política social da EasyJet”
Antes de as crianças entrarem para o avião, Pedro Sousa, diretor de marketing da EasyJet, esteve à conversa com os mais pequenos. Falaram de viagens e do quão cansativas podem ser.

“Contei-lhes que viajo todas as semanas. Ao início ficaram superimpressionados com essa ideia, mas depois perceberam que viajar todas as semanas não é tão bom. Vê-se a inteligência deles aí”, explica ao Delas.pt Pedro Sousa.

O diretor de marketing da marca não podia estar mais entusiasmado com esta surpresa de Natal. “É importantíssima. Sentimos que somos parte da comunidade portuguesa e lisboeta e esta iniciativa aproxima-nos do que é a realidade, enquadra-se dentro da política social da EasyJet. Colaboramos com a UNICEF há vários anos, temos feito grandes recolhas de fundos”, sublinha Pedro.

Elsa Vicente, diretora técnica do Centro Social Maximiliano Kolbe, viveu esta experiência de voo ao lado das crianças. “Só temos a agradecer à EasyJet por nos dar esta oportunidade. É um grupo de 72 crianças e provavelmente para muitas delas é a única oportunidade que vão ter de pisar um avião”, acrescenta.