É por esta razão que os AVC matam mais as mulheres

Quando se trata de ataques cardíacos, a maioria das pessoas associa o problema de saúde a uma dor intensa no peito que se estende ao braço esquerdo. E este sintoma está correto, mas apenas para os homens. Nas mulheres, segundo declarações de vários especialistas ao site espanhol El País, os sintomas são bem diferentes (pode ver quais são na galeria de imagens acima) e é por desconhecerem os sinais que, tanto em Portugal como em Espanha, morrem mais mulheres do que homens vítimas de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC).

link_Carolina“O diagnóstico do ataque cardíaco feminino é um dos exemplos mais óbvios das consequências do androcentrismo, comum na cultura Ocidental desde o início da história da medicina. Olhamos para o homem como o centro de todas as coisas desde Vitrúvio. Até há pouco tempo, todos os medicamentos eram testados sempre em homens e os possíveis efeitos colaterais nas mulheres não eram conhecidos”, explicou Nuria Varela, autora do livro Feminismo Para Principiantes, ao El País.

A propósito do Dia Nacional do Doente com AVC, que se assinala a 31 de março em Portugal, a Sociedade Portuguesa do AVC afirmou que a mulher tem um maior risco de sofrer de doença vascular cerebral ao longo da vida devido à sua maior longevidade, mas os especialistas de Espanha – onde a doença também é a principal causa de morte, à frente do cancro e das doenças respiratórias – veem agora alertar para o desconhecimento dos sintomas por parte do sexo feminino.

“A doença cardíaca é a principal causa de morte em ambos os sexos, mas a mulher desenvolve-a numa idade mais tardia do que o homem. Falhamos no desafio do diagnóstico pelos sintomas atípicos e por minimizarmos a patologia, tendo em conta apenas os sintomas nos homens. Também não podemos esquecer que, no Ocidente, a doença cardiovascular mata mais mulheres do que o temido cancro da mama”, afirmou José María Gámez, presidente da Sociedade Balear de Cardiologia.

Fatores de risco nas mulheres

A presença da doença no histórico familiar deve ser tida em conta. No entanto, há muitos mais fatores aos quais deve prestar atenção. As mulheres com mais risco de vir a sofrer AVC têm cerca de 65 anos, mais de 88 centímetros de cintura – ou seja, algum risco de obesidade – pressão arterial e colesterol altos, são fumadoras, sedentárias, com altos níveis de stress e seguem uma dieta irregular, com alto teor de gordura.

“Podemos salvar muitas vidas, mas sabemos que, no geral, as pessoas levam mais de 16 minutos a fazer o telefonema de emergência. As famílias e os pacientes raramente acham que se trata de um ataque de coração. O trabalho não é mau para as mulheres, má é a pressão a que estão sujeitas, com a dupla carga dos empregos e tarefas domésticas”, acrescentou Carlos Macaya, cardiologista e presidente da Fundação Espanhola do Coração.


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