É possível abrandar progressão de alguns tipos de cancro da mama, diz estudo

cancro pexels-anna-tarazevich-5482975
[Fotografia: Anna Tarazevich/Pexels]

O relatório publicado na Lancet Oncology, uma das principais revistas sobre o cancro, é o primeiro deste género “a mostrar um benefício clínico significativo depois de, anteriormente, direcionar a mutação bESR1”, resumem os autores.

A análise, baseada na recolha de dados junto de dezenas de hospitais franceses e pelo oncologista François Clément Bidard, vem indicar que é possível desacelerar a progressão de certos tipos de cancro de mama mediante a descoberta precoce de mutações genéticas que estão na génese dos tumores, adaptando, dessa forma, o tratamento.

Ora, numa doença desta natureza, as células do tumor evoluem com o tempo, e dependendo de certas mutações podem se tornar resistentes aos tratamentos utilizados.

Para detetar as respetivas mutações, os investigadores utilizaram uma técnica que tem vindo a ser promissora nos últimos anos dentro dos estudos de cancro: a “biópsia líquida”. Nesta, ao contrário da clássica, o objetivo é estudar o conteúdo dos tumores sem precisar extrair tecido da própria mama, bastando para isso uma recolha de sangue para análise, que traz consigo uma pequena parte do DNA vindo das células cancerígenas.

Para chegar a esta conclusão, a investigação dividiu a amostra em dois grupos de aproximadamente 80 pacientes com aquela mutação. Uma parte prosseguiu a receber o tratamento regular, já a outra cumpriu uma outra prescrição e seguiu para o medicamento fulvestrant. No segundo grupo, a equipa de investigação concluiu que progressão do cancro foi interrompida por uma duração média maior, por vários meses.

Além da mutação única do bESR1, os autores consideram que o uso da biópsia líquida e a rápida troca de tratamento poderia servir de modelo para futuras estratégias terapêuticas.

No entanto, este estudo tem várias limitações. Em primeiro lugar, não avalia se essa mudança de tratamento realmente melhora a sobrevivência da paciente.

Por outro lado, a pesquisa só examina um tipo específico de cancro de mama, o qual o tumor é receptivo ao estrogénio. De fora da análise ficaram os chamados cancros “triplo negativos”, que são os mais mortais porque são os mais difíceis de tratar.

Com agências