“É preciso estipular um dia para quebrar a dieta”, revela Tia Cátia

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[Fotografia: Divulgação]

Cátia Goarmon está de regresso ao 24Kitchen e ao programa de culinária que conduz, a 13 de fevereiro. Nesta nova edição de Os Segredos da Tia Cátia, a cozinha vai encher-se de chefs, de personalidades públicas e de temas.

Entre os visitantes da nova temporada destaque para a a chef Justa Nobre – que vai confecionar um dos sabores mais portugueses como uma sopa de cogumelos com castanhas -, o chef Miguel Mesquita – que transporta o público numa viagem entre o Japão e o Egito com refeições como okonomiyaki e bunny chow –, o ator e comediante Gilmário Vemba – que irá trazer as raízes angolanas aos pratos -, e o ator Pedro Granger, que irá apresentar receitas simples de reproduzir em casa como, por exemplo, um tártaro de peixe com tortilhas.

Em véspera de lançamento da nova temporada, Cátia Goarmon revela ao Delas.pt detalhes do que se pode esperar nestes novos conteúdos, tipos de receitas e de como a luta que travou contra o cancro lhe mudou ou não como lidou com a faceta menos boa do seu passado, em que teve cancro.

Leia a entrevista à chef de cozinha abaixo.

Que alterações fez nas receitas que vai apresentar na nova temporada do seu programa de culinária?

O meu tipo de cozinha é sempre muito adaptado à casa. Vou ter alguns convidados e vou fazer receitas asiáticas – que podem conter um ou outro ingrediente que não pertença à nossa cultura – mas a ideia é que possam ser reproduzidas em casa. Mesmo que não se tenha um ou outro ingrediente, pode trocar-se por outro.

Como por exemplo?

Imaginemos refeições com caril. É uma especiaria acessível de comprar e, por isso, arranjam-se sempre alternativas. As receitas do programa são desde as que se podem fazer todos os dias até às que se fazem uma vez por ano. Por exemplo, a sopa da pedra não é algo que se pode comer todos os dias. Faço uma vez por ano. Nesta temporada, há receitas vegetarianas, de carne, peixe, tudo um pouco. Cada episódio tem um tema e, dentro dele, há sempre três receitas. Por exemplo, se o tema for Trás-os-Montes, faço três receitas dessa região: uma entrada, um prato principal e uma sobremesa.

Uma vez que já passou por uma fase mais delicada da sua vida em que teve cancro, em que é que isso a fez mudar a alimentação ou a priorizar determinados alimentos?

Não houve uma mudança na minha alimentação. Sempre tive o cuidado de, em casa, fazer uma alimentação saudável “de domingo a sexta”. O sábado é sempre para a desgraça, e é importante haver a exceção para confirmar a regra. Devemos optar por alimentos mais frescos, dentro da época, porque o próprio organismo está muito mais preparado para os digerir porque têm determinadas vitaminas. Como sempre sopa e salada, por exemplo. Faço refeições duas a três vezes por semana de carne, peixe, vegetais, vamos alternando. Não é pelo facto de ter atravessado essa situação que me faz ter mais cuidado. Sempre atuei muito mais na prevenção do que propriamente na cura. Mesmo quando trabalhava fora, levava o meu almoço de casa, porque tinha a certeza da quantidade de gordura que aquele prato continha. Confecionar em casa permite obter um controlo mais detalhado na quantidade de sal, gordura e hidratos de carbono que são aplicados nas refeições. Em casa, faço um bolo uma vez por mês, às vezes nem isso, mas quando faço é com tudo a que tem direito: açúcar, farinha. Mas também não é preciso comê-lo todo. Comer uma fatia, por exemplo, que equivale a um pacote de açúcar, não é grave. O problema são os alimentos mais gordurosos: a batata de frita de pacote, por exemplo. Não estou a dizer que nunca se possa comer, mas quem ingere uma vez tem noção de que é a exceção. É preciso estipular um dia para quebrar a dieta.

Tendo em conta que faz da sua vida a cozinha, que estratégias colocou em prática para lidar com possíveis enjoos [decorrentes do tratamento] e, ao mesmo tempo, cozinhar?

Não tive grandes enjoos. A única altura em que me lembro de estar maldisposta foi quando estive grávida. Uma das coisas que fazia era de hora a hora ou de duas em duas horas comer uma bolacha. Estar completamente em jejum, especialmente prolongado, é que provoca a náusea. Deve ser ingerida comida menos condimentada e saturada como fruta, especialmente a cozida, legumes, cozidos e grelhados, em vez de se usar o refogado na confeção, por exemplo. Tudo o que é gorduroso acaba por dar a sensação de náusea. Deve adotar-se uma alimentação à semelhança daquilo que nós comemos quando temos dores de barriga. Numa fase em que se está a fazer tratamentos e o sistema imunitário está tão debilitado, deve haver cuidados redobrados como, por exemplo, não saltar refeições. Mas é algo que devemos fazer a vida toda.