E se o calor provocar mais mortes que o frio extremo no futuro? Veja o que diz estudo português

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[Fotografia: Pexels]

no período de inverno e sendo Portugal dos países europeus “que apresenta maior taxa de mortalidade”, mesmo tendo temperaturas amenas, a mortalidade, no futuro, “será mais acentuada com temperaturas temperadas e não será tão acentuada com temperaturas extremas”.

“As alterações climáticas reduzem a mortalidade nas temperaturas extremas de frio. No futuro, há uma redução da mortalidade relacionada com o frio extremo”, enfatizou Mónica Rodrigues.

A investigadora acrescentou que a metodologia utilizada, “inédita” em Portugal, observa “a fração [da temperatura] atribuível à mortalidade”, analisando igualmente temperaturas extremas de frio e calor e a variação dos diversos percentis da amostra.

“Nunca foi feito em Portugal, em termos de fração atribuível, e é aí que se diferencia”, frisou a especialista, que integra grupos de trabalho na Organização Mundial da Saúde e Agência Europeia do Ambiente, entre outras instituições, e faz parte do grupo de peritos e de revisores especialistas do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).

Os estudos integram a sua tese de doutoramento, intitulada Impacto das alterações climáticas nas doenças crónicas em Portugal e incidiram, nesta primeira fase, nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, “precisamente por serem as áreas mais populosas do nosso país”, esclareceu.

“Mais população, maior exposição, maior risco”, notou Mónica Rodrigues, que, no futuro, pretende alargar a investigação “a populações de outras zonas do país”.

Defendeu que projeções climáticas e demográficas que constam da sua investigação – publicada em várias revistas científicas mundiais e também no relatório do IPCC – podem constituir “uma ferramenta valiosa, na projeção de eventos futuros, tendo em conta a população e a saúde”.

“Podem servir a uma abordagem preventiva, por exemplo no planeamento de estratégias de intervenção a nível local. Estas projeções podem permitir decisões prévias aos decisores, levar à minimização de riscos. Projetando à distância, podemos planear doutra forma”, enfatizou Mónica Rodrigues.