‘Economia da menopausa’ pode atingir os 578 mil milhões de euros em 2025

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[Fotografia: Pexels/Sora Shimazaki]

A menopausa está a conquistar o seu espaço mediático e a libertar-se das amarras culturais a que tem sido sujeita durante décadas. Afetando cerca de metade da população mundial, este processo de transição biológico nas mulheres – com desafios físicos, mentais e emocionais – está a ser olhada de forma cada vez mais diferente e abrangente, com foco nas escolhas e no bem-estar.

Por isso, tendo em conta os valores apresentados na cimeira norte-americana Global Wellness Summit, em outubro, estima-se que as soluções de bem-estar vocacionadas para este processo e este período da vida das mulheres possam atingir os 600 biliões de dólares em 2025, ou seja, 578 mil milhões de euros. Valores que levam a entidade a abordar o conceito de “economia da menopausa”. Um valor que se alicerça nas contas feitas sobre o mais de milhar de milhão de mulheres que, nos próximos dois anos, esteja na perimenopausa (todo o período que antecede a mudança).

De viagens, a retiros, passando por campanhas e iniciativas de informação, empresas de telemedicina, produtos e serviços vocacionados, as propostas assumem-se com um papel que procura adaptar esta transformação hormonal feminina, minimizando, enquadrando e lidando com sintomas apresentados como comuns como os chamados ‘calores’, insónias, depressão, ansiedade, ganho de peso, dores nas articulações, entre outras, oscilações de líbido.

E em Portugal?

Cristina Mesquita de Oliveira fala mesmo numa “questão de justiça” e “negligência grosseira”. “Nascemos e morremos, e com necessidades relativas à nossa saúde e que têm que ser previstas pelo Estado. É uma negligência grosseira que o planeamento familiar não inclua a menopausa, é como não existisse”, refere a autora do livro Descomplicar a Menopausa (Editora Influência). “As mulheres, depois da última menstruação e pelo processo natural de envelhecimento, ficam mais necessitadas de atenção e cuidado, e é o Estado que tem o dever de prever e criar estrutura para dar essas respostas”, apela a especialista com carreira feita na indústria farmacêutica.

Em outubro e em conversa ao Delas.pt, Cristina Mesquita de Oliveira, 57 anos, pedia mesmo: “A menopausa tem de sair dos hospitais e entrar nos centros de saúde.”

A autora enumerava, entre outras medidas, a “criação de literacia, espaços de confiança para debater menopausa, onda positiva face a ela e colocação nos centros de saúde, empoderando as mulheres de informação para lidar com a menopausa.” Ou seja, tratá-la no domínio da prevenção e não como, numa fase avançada, doença, libertando, ao mesmo tempo, os serviços de ginecologia das unidades hospitalares. “As grávidas são acompanhadas nos centros de saúde e só os casos mais graves são acompanhados nos hospitais, o mesmo deve acontecer com a menopausa”, comparava.

Por isso e de forma inequívoca, sugeria: “Tornar a Terapia Hormonal da Menopausa (THM) gratuita nos centros de saúde, sob prescrição médica. Não é tudo mas será um grande avanço. Foi assim em Inglaterra. Da vontade de tornar a THM acessível a todos, derivou uma campanha estruturada e adequada ao público em geral de informação e literacia em THM e, consequentemente, menopausa.