Eis a lusodescendente Stéphanie Frappart, a primeira mulher a arbitrar um jogo de futebol no Mundial masculino

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Árbitra francesa e lusodescente Stephanie Frappart [Fotografia; Sylvain THOMAS / AFP]

Esta quinta-feira, 1 de dezembro, quando Stéphanie Frappart, de 38 anos, der o apito inaugural do jogo Costa Rica-Alemanha, do grupo E (exibido às 19.00 horas, na Sport TV), no Mundial do Catar, estará a levar consigo um ligeiro cunho português. Afinal, a francesa e lusodescendente por parte da mãe será a primeira mulher a fazê-lo na História do futebol, liderando um trio de arbitragem composto também pela brasileira Neuza Back e a mexicana Karen Díaz.

A mãe de Frappart, conhecida como Gina, é originária da freguesia Tamel – São Veríssimo, em Barcelos, e, como confirma a presidente da Junta de Freguesia ao Delas.pt, Tânia Ferreira, é uma descendente da terra. “A mãe, da família do apelido Barracas, é conhecida por Gina e emigrou ainda em pequena com os pais, portanto Stéphanie nunca terá estado muito por aqui”, revela. Apesar das diversas tentativas, não foi possível chegar à fala como os irmãos da agora histórica árbitra, apresentados pelo leitor António Ferrer Negrão.

Recorde-se que este não é o primeiro recorde de Frappart. Já antes a árbitra tinha sido a primeira mulher a apitar na liga masculina francesa de futebol, na Supertaça Europeia e na Liga dos Campeões. Agora, irá dar o apito inicial no torneio mais importante do futebol masculino mundial, culminando uma ascensão incrível desde a estreia na Ligue 1, em 2019. “É uma grande evolução, um reconhecimento das minhas qualidades e competências. Esta é a minha linha de conduta desde o início, ser escolhida pelas minhas competências, não pelo meu género”, declarou a francesa numa conferência de imprensa antes do último Europeu. “Um Mundial é o ápice, a maior competição do mundo”, reconheceu a francesa em setembro, após ter sido nomeada para fazer parte do corpo de arbitragem.

Stéphanie começou na carreira em 1996. “No início era uma paixão. Não tinha os olhos postos na Ligue 1 ou em qualquer outra competição”, recorda. Ex-jogadora do AS Herblay, da região de Paris, Frappart é árbitra desde os 13 anos e passou cinco temporadas na segunda divisão. Na Ligue 1, não demorou muito para receber elogios unânimes de jogadores e treinadores.

Desde que chegou à elite do futebol, Frappart é frequentemente questionada sobre o seu percurso no futebol masculino e as respostas são, tal como a sua forma de arbitrar, diplomáticas, mas firmes. “Sempre fiz campanha para que sejamos consideradas pelas nossas capacidades e não necessariamente pelo nosso género. Se as mulheres têm qualidades, também devem receber oportunidades”, sublinhou. “Desde 2019, demos um grande passo. Agora não é uma surpresa ver mulheres a arbitrar homens, independentemente do continente ou do país”, explicou em setembro.

A árbitra, natural de Val-d’Oise (ao norte da capital francesa), não teme sua estreia no Catar, país questionado pelos direitos das mulheres, onde garantiu que foi “sempre bem recebida”. “Esse também é um forte sinal das entidades (desportivas) de que há mulheres neste país”, declarou. “Não sou uma porta-voz feminista, mas posso ajudar. Sei que muitas vezes desempenhamos um papel, especialmente no desporto”, acrescentou, citada pela agência noticiosa France Presse.

Neste mundial do Catar, Stéphanie Frappart faz parte da lista de 36 árbitros que participam do torneio no Catar. Além delas, também representam a equipa feminina a ruandesa Salima Mukansanga, a japonesa Yoshimi Yamashita (árbitras principais) e a americana Kathryn Nesbitt (auxiliar como Back e Díaz Medina).

com AFP