Eis como ensinar aos seus filhos a não serem egoístas

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É comum dizer-se que os filhos únicos têm tendência a ser mais egoístas, mas isso não tem de ser necessariamente verdade. A educação das crianças deve ser uma prioridade, e todos os pais querem, ao máximo, criar filhos altruístas, empáticos e amigos do próximo.

Alguns especialistas, entrevistados pela secção Life da publicação Huffpost reuniram alguns conselhos para que consiga ensinar os seus filhos a não serem egoístas – independentemente de serem ou não filhos únicos.

Muitas pessoas acreditam que o ser humano é egoísta por natureza, mas um estudo recente veio desmentir esta teoria, acreditando que esta tendência pode ser contrariada. Um investigador da Universidade de Michigan, Felix Warneken, passou os últimos 17 anos a estudar crianças e aprendeu que as crianças exibem comportamentos altruístas desde muito jovens.

“O que descobrimos é que as crianças têm uma tendência biológica espontânea de se preocupar com os outros“, disse ao HuffPost. “Elas ajudam, desde o início, e fazem-no espontaneamente, sem serem solicitadas, oferecidas recompensas ou observadas pelos pais. Isso faz-nos acreditar que a natureza humana não é puramente egoísta, mas que estamos sim equipados com algumas inclinações altruístas que podem ser desencadeadas”, explicou.

Veja agora abaixo alguns conselhos dos especialistas sobre a temática, para que, enquanto pessoa adulta, possa desempenhar um papel importante na educação dos seus filhos:

Fale sobre sentimentos

“O altruísmo é definido como sendo o cuidado e devoção ao serviço dos outros, começando com uma base de empatia ou capacidade de entender os sentimentos dos outros”, afirmou ao HuffPost Aila Malik, autora de várias obras sobre o tema.

Para ajudar as crianças a desenvolver a empatia, os pais devem enfatizar a inteligência emocional. Ensine as crianças a identificar os seus sentimentos e a processá-los. Crie espaço para que todos na sua família se sintam à vontade para expressar e discutir sentimentos na vida quotidiana, explica a especialista.

Compartilhe perspetivas

À medida que as crianças desenvolvem a sua inteligência emocional, tornam-se melhores em colocar-se no lugar dos outros e a entender outras experiências e perspetivas. Os pais podem promover essa habilidade por meio de conversas significativas.

“Em qualquer idade, conversar sobre um conflito social da vida real é uma das melhores maneiras de ensinar empatia e abnegação”, explicou a psicóloga clínica e autora Jenny Yip. “Ajudar o seu filho a processar esse conflito permitirá que ele veja mais do que um lado da história. Se o seu filho viu um colega a ser provocado, ajude-o a entender como ele se sentiu ao falar sobre isso”, reitera.

Atenção com a idade

É importante que enquadre o seu discurso à idade da criança, para que ela consiga entender o mesmo. E não se preocupe se o seu filho não quiser, de forma automática, partilhar os seus brinquedos ou comida com os outros.

“Conversas simples sobre a vida quotidiana – como comer muito de uma tigela de comida que está na mesa de jantar, quando há mais três pessoas que podem querer isso – pode ajudar bastante a desenvolver a consciência das necessidades e desejos de outras pessoas sem abrir mão de tudo o que a criança quer”, explica Amy Serin, neuropsicóloga.

Seja o modelo

O que os pais fazem é tão importante quanto o que dizem, geralmente ainda mais, defende a mesma especialista.É por isso que é importante olhar para dentro de si, avaliar o seu próprio senso de altruísmo e comprometer-se a modelar essas qualidades para seus filhos”, explica.

“Quando se trata de ser altruísta, significa que nós estamos menos preocupados com a validação externa e com o que as outras pessoas pensam de nós, e mais com o bem-estar dos outros”, disse, continuando que “devemos ser capazes de modelar a capacidade de pensar fora de si e pensar no bem-estar dos outros.”

Use livros de crianças

Os livros infantis são uma ótima maneira de promover empatia e altruísmo. As crianças conseguem conectar-se com as histórias dos personagens e usá-las para complementar as suas próprias experiências de vida e observar demonstrações de empatia (ou a falta delas).

“Sempre que vejo os meus filhos a passar por um conflito, procuro livros para ajudá-los a entender ainda mais, para mostrar que estou a tentar fazer com que eles entendam”, afirmou a especialista, frisando a ideia de gerir e entender sentimentos. Depois de ler o livro, fale com os seus filhos sobre o assunto.

Enfatize a gratidão

Praticar a gratidão traz imensos benefícios emocionais e é também a chave do desenvolvimento do senso de empatia e altruísmo. Quando as crianças apreciam e sentem-se gratas por tudo o que têm, podem sentir-se mais inclinadas a apoiar aqueles que têm menos sorte. Faça diários com os seus filhos onde eles escrevem as coisas pelas quais estão gratos, por exemplo. Aproveite e, enquanto mãe e pai, faça também bilhetes onde mostra às crianças que está grata por algum comportamento ou atitude que teve. Assim, irá fazer com que entendam que as suas boas ações têm consequências positivas.

Exponha a criança à diferença

É importante que a criança saiba e conheça novas realidades, pessoas ou lugares diferentes daqueles que são os seus ambientes diários. “Faça uma caminhada, experimente novas paisagens, caminhe por diferentes bairros ou visite novos parques, experimente novos alimentos e ouça diferentes tipos de música. Aprenda sobre outras tradições ao ouvir histórias das pessoas, participe de festivais, leia livros multiculturais e assista a documentários”, aconselha a neuropsicóloga.