Elas são quase metade a dar aulas nas universidades, mas só 13% estão no topo

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Apenas 13% das instituições de ensino superior em Portugal são lideradas por mulheres, que continuam a enfrentar barreiras no acesso aos cargos de maior prestígio das universidades e politécnicos, revela um estudo divulgado esta quinta-feira, 30 de maio.

Há já alguns anos que as mulheres representam a maioria dos doutorados mas depois continuam a ter grandes dificuldades em aceder aos cargos de maior prestígio, segundo um estudo que agora analisou o universo de professores que trabalha nas universidades e institutos politécnicos.

A identificação das disparidades foi feita pelo projeto europeu SAGE – Systemic Action for Gender, financiado pelo programa Horizonte 2020, que contou com a participação do ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa.

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O estudo põe a descoberto os obstáculos à ascensão na carreira académica e a dificuldade em serem nomeadas ou eleitas para cargos de liderança na academia. Em Portugal apenas 13% das mulheres foram escolhidas para reitoras ou presidentes de um instituto politécnico.

Nas 15 universidades que integram o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) e nas 15 instituições do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), são quase sempre os homens quem decide. As exceções são o ISCTE-IUL, a Universidade de Évora, a Universidade Católica e o Instituto Politécnico do Cávado e Ave.

Estas diferenças não encontram reflexo no número de docentes do ensino superior, que é quase paritário entre ambos os sexos: 45% são mulheres e 55% são homens, segundo dados de 2017. Apesar de o número de docentes no ensino superior português ser quase igual entre ambos os sexos, apenas um em cada quatro professores catedráticos é do sexo feminino. A prevalência dos homens também é marcante na categoria de professores associados, já que apenas um em cada três é mulher.

As desigualdades não são um problema exclusivo de Portugal. Em toda a Europa há mais mulheres doutoradas do que homens e eles continuam a ocupar a maioria dos lugares de maior estatuto académico.

Um pouco por todo o continente europeu continua a verificar-se uma sub-representação feminina na categoria de topo da carreira académica, na chefia das instituições de ensino superior e na profissão da investigação.

Depois de identificadas as desigualdades de género nas instituições de ensino superior, o ISCTE elaborou uma ‘Carta de Princípios para a Igualdade no Ensino Superior’, que cobre aspetos que estão ligados às políticas de igualdade no acesso a lugares de decisão.

As oportunidades de progressão e os valores salariais, assim como o défice de conhecimento das desigualdades de género que o ensino superior tende a reproduzir são outros dos pontos focados na Carta de Princípios.

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