Elizabeth Warren: última nas sondagens, primeira na corrida à Casa Branca

Elizabeth Warren era a última da lista de mulheres Democratas que poderia derrotar Trump, na sondagem Axios Poll, realizada em outubro e publicada no início de novembro de 2018, que mostrava como qualquer uma das figuras femininas proeminentes do Partido Democrata ganharia a Donald Trump a presidência dos Estados Unidos da América (veja o gráfico, em baixo).

Mas a senadora do Massachussets antecipou-se e deu, nos últimos dias do ano, o primeiro passo para se lançar na corrida à Casa Branca, ao anunciar a criação de um comité exploratório para uma candidatura em 2020.

Num pequeno vídeo, Elizabeth Warren, um dos rostos mais conhecidos do Partido Democrata e da oposição a Donald Trump, dirige-se à classe média, que diz estar “sob ataque”, perguntando: “Como chegámos aqui? Os multimilionários e as grandes empresas decidiram que queriam uma maior fatia do bolo.”

O anúncio de Warren acontece numa altura em que a sua popularidade baixou, como revela a sondagem Axios Poll, que mostra no fim de uma lista de possíveis candidatas democratas, onde se incluem Hillary Clinton, Michelle Obama (a mais bem posicionada) e Oprah Winfrey (a apresentadora chegou a ser um nome falado, na imprensa americana, para a presidência, mas entretanto negou).

A publicação, em outubro, dos resultados de um teste de ADN para demonstrar que, provavelmente, teria raízes nativo-americanas não favoreceram a candidata, com a tribo indígena Cherokee a reagir, na altura, dizendo que os testes de ADN para demonstrar “qualquer relação” com origens nativo-americanas eram “desapropriados e incorretos”.

Em 2012, a senadora disse que tinha raízes indígenas, mas a falta de provas levou Trump e outros conservadores a acusá-la de ter mentido para fins políticos e apelidarem-na de “Pocahontas”, em várias ocasiões, epíteto que a senadora classificou de “insultos raciais”.

Elizabeth Warren, “um agente da mudança”

Warren ficou conhecida na cena nacional há uma década, durante a crise financeira de 2008, quando defendeu um maior protecionismo para os consumidores. Tornou-se, rapidamente, numa das vozes democratas mais proeminentes, apelando à ala mais à esquerda do partido, tendo criticado, várias vezes, a resposta da Administração Obama à perturbação do mercado.

“À parte as nossas diferenças, a maioria de nós quer a mesma coisa: podermos trabalhar, sob as mesmas regras do jogo, e cuidarmos dos que amamos”, destaca a democrata de 69 anos, que, no vídeo, além de defesa da classe média, faz alusão à marcha das mulheres, aos direitos da comunidade LGBT e às dificuldades da população negra.

Sarah McCarthy Welsh, ex-diretora-executiva do Massachusetts Women’s Political Caucus, disse em entrevista ao Delas.pt, em março de 2017, ver em Elizabeth Warren “uma voz pela classe trabalhadora americana, uma voz contra os grandes bancos, que controlam uma grande percentagem do dinheiro do país”. “Eu acredito que ela é alguém com que o país se pode identificar e acho que ela está a fazer um ótimo trabalho pelo estado do Massachusetts. Tive o prazer de desfilar com ela na marcha [das mulheres] e ver o apoio da população. As pessoas do nosso estado adoram-na”, afirmou, descrevendo a senadora democrata como “muito inteligente e dedicada” e focada no cargo onde possa “fazer mais mudanças”. “É isso que ela é: um agente da mudança. Portanto, isso pode significar ficar no Senado, concorrer à Presidência”, disse então.

Uma das principais bandeiras de Elizabeth Warren é um sistema de saúde universal – um desafio ambicioso, depois de o Obamacare ter sido declarado inconstitucional, sob o mandato de Trump.

O atual presidente, eleito pelo Partido Republicano, já anunciou a intenção de se recandidatar ao cargo.

com Lusa

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