Os cabelos negros caem-lhe pelos ombros. Tapam-lhe (ligeiramente) os seios. Está sentada em cima de um cavalo branco, sem qualquer peça de roupa. E desta forma, Emily Ratajkowski coloca a mais recente edição da revista ‘Harper’s Bazaar’ nas bocas do mundo.
A modelo de 25 anos, estrela do videoclipe de Robin Thicke ‘Blurred Lines’, e do filme ‘Gone Girl’, mostrou uma confiança inabalável na sessão fotográfica que protagonizou ao estilo de Lady Godiva – aristocrata inglesa do século X que, reza a lenda, se passeou nua em cima de um cavalo, pelas ruas de Coventry – Ratajkowski posou, inclusive, com corpo nu bem próximo da câmara. Essa imagem foi partilhada pela própria nas redes sociais, gerando mais de 250 mil ‘gosto’ em apenas duas horas.
Quem folheia a revista, tem oportunidade de conhecer Ratajkowski a um outro nível. A manequim sentou-se à conversa com a autora feminista Naomi Wolf, para discutir sem medos a sexualidade feminina e defender com unhas e dentes a tão controversa selfie de Kim Kardashian nua, publicada em março deste ano.
EXCLUSIVE: @emrata channels her inner Lady Godiva for a nude shoot with BAZAAR: https://t.co/jlzHpLijlW pic.twitter.com/no0R7259Pa
— Harper's Bazaar (@harpersbazaarus) 7 de julho de 2016
“A Kim pode fazer o que bem lhe apetece. A ideia generalizada é que ela, quando tira uma selfie nua, está apenas à procura de atenção. Mas não é esse o problema. Uma mulher pode estar à procura de atenção e, ao mesmo tempo, fazer uma afirmação. Não são coisas mutuamente exclusivas. Por isso, defendi-a numa série de tweets. Ela enviou-me flores, agradeceu-me, foi muito querida.”.
Se há algo que ainda a revolta, é o facto de as mulheres não serem livres de mostrar o seu corpo e a sua sensualidade sem serem alvo de críticas. “Isso não é correto. O sexo é normal. O desejo é normal. A atenção é normal. Isso no fundo é slut shaming [expressão inglesa para o ato de criticar uma mulher por ser promíscua]. Se uma mulher fala sobre ter sexo, é estúpida. Está a abdicar de algo”, lamenta Emily.
No decorrer da entrevista, partilhou ainda a sua história de vida. Nasceu em Londres, Reino Unido, onde viveu até aos cinco anos. Foi em São Diego, na Califórnia, EUA, que cresceu. Aos 14 anos, conseguiu o seu primeiro trabalho como modelo. Já tinha corpo de mulher. “Eu atingi a puberdade antes de toda a gente. Por isso, era mais sexual do que os meus colegas de turma. Os meus professores, os meus namorados, os pais dos meus amigos não percebiam a complexidade disso. Percebi que existem ideias distorcidas de beleza que são implantadas nas jovens raparigas”, explica.
Já em fevereiro deste ano, Emily Ratajkowski abordava o tema da opressão sexual num ensaio que publicou no blogue da atriz e feminista Lena Dunham, Lenny Letter.