Macron e Le Pe passam à segunda volta das presidenciais. Estas são as ideias para as mulheres

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Emmanuel Macron e Marine Le Pen [Fotografia: Montagem AFP]

O atual presidente francês Emmanuel Macron e a líder do partido União Nacional, Marine Le Pen, venceram a primeira volta das eleições francesas, a 10 de abril. Os candidatos vão agora à segunda volta com os 10 concorrentes que perderam a fazer, na sua maioria, apelo ao voto no ainda chefe de Estado em exercício.

Veja abaixo o que defendem para as mulheres, nos seus programas, os dois candidatos que se vão embater de novo, tal como em 2017.

No plano da monoparentalidade, em que 85% das mulheres – ambos candidatos têm medidas. Macron prevê o aumento de 50% no abono, que passará de 116 para 174 euros e um complemento de creche para crianças dos 6 aos 12 anos. Defende o direito à escolha de um serviço educativo, público ou privado, de qualidade.

Le Pen quer aumentar o apoio mensal de 116 para 230 euros por mês e prioridade à habitação social por parte destas famílias. Quer alargar contraceção gratuita para lá dos atuais 25 anos e quer criar um estatuto para as mulheres que sofrem de endometriose. Esta doença também entra nas propostas de Macron. Em janeiro, anunciou uma “estratégia nacional” para melhorar a pesquisa, o rastreio e o tratamento da endometriose, mas carece de definição de orçamento e calendário.

O presidente em exercício quer “continuar a desenvolver check-ups preventivos de saúde 100% financiados, em particular para o rastreio do cancro da mama“, e criar uma plataforma através da qual as mulheres possam marcar uma consulta com um ginecologista “dentro de dois meses, ou mesmo um período de emergência quando justificado”. Sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), o pensamento de ambos diverge, com Macron a manter a promessa de alargamento do prazo legal de 12 para 14 semanas, votado em fevereiro deste ano, no Parlamento. Le Pen é contra. Ambos querem travar a gestação de substituição.

Na igualdade salarial, Le Pen não apresenta medidas específicas para a igualdade salarial – que defende -, e para profissões de género. Macron quer fazer aplicar, já este ano, a lei das sanções financeiras a empresas que não tenham planos para a redução dessa discrepância e propõe, para as profissões de género, medidas indiretas. Na licença parental, o presidente em exercício apela ao cumprimento do aprovado em julho de 2021 e que sustenta o alargamento a pais de 14 para 28 dias, sete dos quais obrigatórios. Marine Le Pen defende alargamento, mas não avança dias. Defende, antes prolongamento a ser dividido pelos dois progenitores de acordo com a vontade, podendo ser usada por junto ou ao longe de vários anos.

No capítulo das violências feitas às mulheres, a luta contra o assédio nas ruas é incontestável para ambos candidatos. Macron quer triplicar o valor das multas até aos 300 euros, Le Pen quer que os assediadores de rua integrem lista como criminosos sexuais e que os “comentários de conotação sexual” sejam punidos com prisão.

Ambos comprometem-se a reforçar as equipas de apoio e caso de violência doméstica, Macron quer duplicar de dois para quatro mil os investigadores especializados, quer aumentar em 200 o número de assistentes sociais nas estruturas policiais, apostar na denuncia online e criar um centro judiciário especializado em violência doméstica para melhor proteção das vítimas. Le Pen defende a aceleração dos julgamentos em casos de violência doméstica, a criação de unidades de apoio às vítimas na primeira linha de intervenção e a instauração de um ministério para a proteção da criança.

Embate reeditado, resultados reforçados face a 2017

Ambos candidatos vão defrontar-se a 24 de abril, num embate que reedita o de 2017, em que ambos passaram à segunda volta. Mas em 2022, Macron e Le Pen seguem reforçados com mais cerca de 3% dos votos cada um. O Presidente francês cessante, Emmanuel Macron, obteve, neste domingo, 10 de abril, 27,42% dos votos na primeira volta das eleições presidenciais em França (contra 24,01% em 2017), segundo o Ministério do Interior e quando estão contados 89% dos sufrágios.

Os resultados provisórios do escrutínio de domingo, divulgados na internet pelo referido ministério, indicam que a candidata da União Nacional (extrema-direita), Marine Le Pen, conseguiu 24,6 % dos votos, subindo dos 21,3% em 2017.