Emocionada, Judite Sousa lembra morte do filho: “Sinto-me uma naufraga para a vida toda”

Judite Sousa destaque Fb
DR

Judite Sousa lembrou, esta quinta-feira, 5 de maio, a morte do filho, André, em 2014, que tinha 29 anos. A jornalista da CNN Portugal revelou que ninguém lhe disse para parar fazer o luto.

A também pivô do canal de Informação deu a primeira grande entrevista a Manuel Luís Goucha, depois o seu regresso à televisão, e falou sobre o período em que perdeu o filho.

“A paragem aconteceu em 2019 quando sai da TVI, por mútuo acordo, e acabei por regressar há cerca de cinco meses”, contou. “Imaginei que nunca mais faria televisão. Houve pessoas que anunciaram a minha morte profissional prematuramente, como agora é público e notório… Acontece que nesse tempo coincidiu com a pandemia. Durante alguns meses aproveitei para passear, quando surgiu a pandemia fiquei em casa, vi todas as séries, escrevi, li e fiquei a fazer o meu luto que não tinha feito há sete anos”, assumiu.

Judite Sousa explicou o porquê de não ter feito o luto na altura: “Não houve ninguém, ninguém, a começar pelos médicos, que me dissessem que eu tinha de parar para fazer o luto do meu filho. E foi por isso que eu voltei a trabalhar em setembro, porque ninguém me disse que eu tinha de fazer o luto do meu filho”.

“As pessoas que me falaram na altura disseram que devia voltar a trabalhar como forma de me salvar. Na realidade vim a perceber mais tarde, nas conversas que fui tendo com os médicos, que o luto devia ter sido feito nessa altura, mas não foi. Acabei por fazer o luto nestes últimos três anos. […] A morte de um filho é um naufrágio, sobrescrevo essas palavras inteiramente. Sinto-me uma naufraga para a vida toda. Eu e o pai”, acrescentou.

Após a fase de luto, a jornalista contou que pediu autorização a um médico para voltar ao trabalho. “Quando morre um filho, nunca se consegue fazer o luto, na sua plenitude. Mas tem de se fazer alguma coisa. Foi isso que fiz nestes últimos três anos”.

“Quando há cerca de cinco meses, fui contactada e contactei para poder integrar o projeto da CNN Portugal, eu perguntei ao médico que me seguia se estava em condições de voltar a trabalhar, de encarar a opinião pública e os espetadores. E ele disse-me que sim. E foi com base nessa opinião que eu decidi que poderia voltar a trabalhar”, confessou.

A pivô confessou ter pensado por um ponto final à sua vida: “Sim, houve uma situação que foi pública até. A morte de um filho tem uma dimensão distinta das outras mortes, nesses casos as pessoas caem numa situação limite, como aconteceu comigo”.

Porém, a jornalista da CNN Portugal garantiu estar “curada” e feliz pelas oportunidades que tem tido de trabalho.