Empresas. Presidentes ganham 11 vezes mais que média de trabalhadores

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[Fotografia: Pexels/The Coach Space]

A remuneração total dos presidentes executivos em Portugal é, em média, 10,9 vezes superior à média de remuneração dos restantes trabalhadores da organização que lideram, segundo um estudo da Mercer.

“Em Portugal, a remuneração total de um CEO [presidente executivo] é, em média, 1,5 vezes superior à remuneração dos restantes vogais executivos e 10,9 vezes superior à média de remuneração dos restantes colaboradores da organização”, divulgou a Mercer, em comunicado.

Esta é uma das conclusões do estudo sobre Remuneração de Executivos, que inquiriu 40 organizações a operar em Portugal, incluindo 13 cotadas em bolsa no índice PSI, e analisou sete funções distintas de membros executivos.

Os dados recolhidos demonstraram ainda que a constituição das Comissões Executivas das organizações inquiridas é composta maioritariamente por homens (75%), “sendo que, para cargos de presidência executiva, a discrepância face ao género sub-representado é ainda maior, com 90% das empresas a serem lideradas por homens”.

Mulheres chegam a trazer menos 600 euros por mês

Recorde-se que, a propósito do Dia Internacional da Mulher, a 8 de março, a CGTP tornava público um estudo que demonstrava, sem surpresa e com tristeza, que em 2021 as mulheres portuguesas ganhavam menos do que os homens. Uma análise que indicava que quanto mais alto na hierarquia, maior a desigualdade de género nos rendimentos.

“É precisamente entre os trabalhadores mais qualificados que o diferencial é maior em termos percentuais: 24,5% entre os quadros superiores, 14% entre os quadros médios e 16,5% entre os profissionais altamente qualificados”, pode ler-se no documento.

Contas feitas, a diferença que em 2021 atingiu os 153 euros nos salários mais baixos, em média, mas rondou os 600 euros nos mais altos e quadros mais qualificados.

1/3 dos rendimentos é composto por incentivos

De volta ao estudo da Mercer, 67% da remuneração do presidente executivo corresponde ao salário base, 26% a incentivos a curto prazo e 7% a incentivos a longo prazo.

Por sua vez, 59% da remuneração dos membros executivos corresponde ao seu salário base, 24% a incentivos de curto prazo, 10% a incentivos a longo prazo e 7% a subsídios garantidos.

Já quanto a previsões para 2023, o estudo aponta que “os aumentos salariais nos mercados maduros serão superiores aos valores recentes, mas muito inferiores às atuais expectativas de inflação”.

“Dada a probabilidade de uma diminuição dos rendimentos em termos reais e as consequências mais graves da inflação para os colaboradores com rendimentos mais baixos, os Comités de Remuneração terão de agir com sensibilidade na definição de aumentos para executivos face a este novo enquadramento”, concluiu a Mercer.

Já os pagamentos reais de bónus de desempenho relativos a 2023 “serão provavelmente inferiores aos de anos anteriores na maioria dos setores devido ao impacto económico da inflação e da guerra na Ucrânia” e “os valores dos incentivos de longo prazo podem permanecer ligeiramente deprimidos para as empresas que fixaram objetivos financeiros para 2022 no início pré-pandémico de 2020, com 2019 como ano base”.

com Lusa