Empréstimo para implantes mamários gera polémica no Reino Unido

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[Fotografia: Shutterstock]

Uma clínica de cirurgia cosmética britânica anunciou a criação de uma linha online de empréstimos para implantes mamários e para quem tem baixos rendimentos ou mesmo histórico de incumprimento. Uma publicidade que foi emitida no intervalo do reality show Love Island (Ilha do Amor, em tradução literal), em exibição no canal ITV2.

A iniciativa partiu da empresa MYA – sediada em Harrogate e com sucursais em Londres, Liverpool Manchester, Leeds e em muito mais cidades, um pouco por todo o território -, que está a promover empréstimos com uma taxa de 9,9 %, que podem ser feitas em nome de terceiros e para intervenções cirúrgicas estimadas até dez mil libras (11 mil e 200 euros). O anúncio, exibido na semana passada, refere ainda que os eventuais interessados em pedir dinheiro emprestado podem, mesmo com histórico de incumprimento, fazê-lo em nome dos companheiros ou familiares.

As críticas não tardaram a chegar e uma das vozes mais audíveis foi a do Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS). Simon Stevens, responsável executivo do NHS, alertou, refere o jornal Sunday Times, para o facto de estas campanhas “envolverem uma série de pressões em torno da imagem corporal”, sobretudo porque estes conteúdos televisivos têm mais de três milhões de espectadores, e estes são, na sua maior fatia, os mais jovens.

Importante ressalvar ainda que a clínica conta com estrelas de reality TV entre a sua clientela. Entre os serviços disponibilizados pela clínica contam-se implantes mamários, rinoplastias, e abdominoplastias.

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“Ver que estes anúncios estão a oferecer ajuda a pessoas, que estão a lidar com dificuldades financeiras, a endividarem-se ainda mais para comprar cirurgias corporais vem criar a impressão de que a ideia artificial de beleza é mais importante do que a segurança financeira”, alerta Isabella Goldie, da Fundação para a Saúde Mental britânica, citada pelo diário The Mirror.

O Sunday Times revela ainda que a empresa de estética escrevia no site que “mesmo que o cliente tivesse um mau rating”, tal não devia “desencorajar uma ida à clínica”. Na mesma página ficava claro, conta o periódico, que “os coordenadores” iriam “ajudá-lo a encontrar uma solução que respondesse às circunstâncias pessoais”. A MAY disponibiliza, agora, um simulador que permite ao interessado perceber que tipo de custos pode suportar.

Em declarações àquele jornal britânico, o porta-voz da clínica garantiu que, “a nível publicitário”, só queriam “atingir o público adulto”. “Os que são financeiramente vulneráveis simplesmente não cumprirão os critérios de elegibilidade financeira exigidos por terceiros com os quais trabalhamos”, acrescentou.

Desde o início de julho que o NHS tem empreendido um raid a todas as campanhas publicitárias exibidas nos intervalos de reality shows. Em declarações à BBC, o responsável do NHS lembrou: “Se olharmos paras as crescentes pressões em torno dos distúrbios alimentares e que existem sobre os mais jovens, temos de pensar em todo o ambiente a que as crianças estão expostas. E basta olhar para as redes sociais ou para intervalos deste topo de programas. Há publicidade explícita direcionada para as jovens mulheres em torno de serviços cirúrgicos cosméticos e mamários.” Portanto, conclui Stevens, “falamos de um conjunto de pressões em torno da imagem do corpo que estão a começar a surgir…”

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