Escolas de Empatia: o projeto que quer acabar com o bullying entre os mais novos

Girl crying

A Organização Não Governamental Par – Respostas Sociais, que promove vários projetos em diferentes áreas como a formação para a cidadania global, a intervenção comunitária e a promoção da saúde, criou no ano passado o projeto Escolas de Empatia. Uma iniciativa que, tal como o próprio nome indica, visa combater o bullying em escolas do 1º ciclo através da empatia, recorrendo a técnicas de educação não formal.

O projeto Escolas de Empatia surgiu da adaptação do projeto europeu Houses of Empathy, um projeto internacional que a associação Par – Respostas Sociais promoveu em parceria com instituições de Itália, Irlanda do Norte, Espanha e aplicou em Portugal. Este projeto tinha como objetivo reduzir os índices de bullying entre pares em casas de acolhimento. Tendo em conta o impacto positivo do projeto nas casas onde foi implementado e devido à problemática crescente de situações de violência entre pares nas escolas, surgiu a ideia da adaptação do programa para o contexto escolar”, explicou ao Delas.pt Andreia Nogueira, psicóloga e responsável pelo projeto Escolas Empatia.

À semelhança do que aconteceu no anterior ano letivo, o Escolas de Empatia, enquanto projeto-piloto, vai continuar a ser aplicado nas turmas do 1º ciclo da Escola Básica Teixeira de Pascoais, em Alvalade, em parceria com a Associação de Pais. Contudo, o objetivo é alargar a intervenção a outras instituições de ensino, uma vez que o programa pode ser adaptado a crianças e jovens mais velhos. Para isso basta contactar a Par – Respostas Sociais através dos contactos disponíveis no site.

“O projeto contempla outras atividades além do programa de desenvolvimento de competências pessoais e sociais dirigido às crianças. Ao longo desde primeiro ano foram realizados workshops dirigidos aos encarregados de educação e às assistentes operacionais. Defendemos uma abordagem holística nas nossas intervenções, pois a ação transformadora ocorre de forma mais eficaz quando se envolve toda a comunidade e, neste caso, os agentes educativos das crianças alvo do nosso projeto“, revelou a psicóloga.

Segundo dados da UNICEF, mais de 150 milhões de crianças dizem sofrer de bullying nas escolas e, globalmente, uma em cada três diz ter experienciado bullying entre pares. É para acabar com este problema nas gerações futuras que a iniciativa é aplicada logo a crianças do 1º ciclo.

“O desenvolvimento de competências pessoais e sociais nas crianças, especialmente da competência da empatia, é fundamental para que cresçam de forma saudável, adotando atitudes e comportamentos pró-sociais, que promovam o seu bem-estar e o dos que as rodeiam. É essencial apostar na prevenção e, para isso, devemos iniciar o desenvolvimento das competências do ‘saber ser’ nestas idades”, afirmou Andreia Nogueira.

As duas responsáveis pelo Escolas de Empatia usam técnicas de educação não formal para trabalhar aspetos como a inteligência emocional, autoconfiança e consciência do outro nas crianças. Tudo através de uma metodologia de aprendizagem estruturada e inclusiva.

“Com base nesta metodologia, o programa do Escolas de Empatia integra sessões estruturadas que contemplam técnicas participativas, ativas e experienciais responsáveis por promover a educação/aprendizagem entre pares. As crianças participam em jogos e dinâmicas de grupo que resultam numa reflexão e partilha entre todos, sendo elas a compreender e a dar respostas ao seu ritmo”, sublinhou a responsável pelo projeto.

Neste primeiro ano letivo em que trabalhou na Escola Básica Teixeira de Pascoais, Andreia Nogueira sentiu pequenas mudanças na forma de percecionar e agir por parte das crianças e um grande interesse pelo seu trabalho no que toca aos pais, professores e operacionais.

“No que diz respeito às crianças vemos maior abertura e compreensão perante os seus sentimentos, comportamentos e é fundamental perceberem que há espaço na escola para abordar isso também. Em relação aos pais, à medida que o projeto foi sendo desenvolvido na escola, os agentes educativos das crianças foram-nos indicando diversas mudanças no comportamento de algumas delas, especialmente no que diz respeito à relação com os outros e com as suas emoções“, acrescentou Andreia Nogueira.

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