Escoliose: a doença que destrói a autoestima de crianças e jovens

Apesar de, na maioria dos casos, a escoliose não causar dor, ter uma deformidade na coluna pode ser um grande problema na autoestima de crianças e jovens. Em algumas situações, a doença chega a formar uma verdadeira bossa no tórax, vulgarmente conhecida como “corcunda”. Entre a comunidade científica ainda há muito por descobrir em relação à escoliose. Até as próprias causas podem não ser identificáveis.

“Antes dos 10 anos apresenta mais frequentemente causas conhecidas, tais como malformações congénitas da coluna, geralmente detetadas nos primeiros anos de vida, doenças neurológicas ou mesmo anomalias associadas a síndromes polimalformativos. Outras causas mais raras são as consequências ou complicações de cirurgias toraco-abdominais, situações infecciosas, metabólicas ou tumorais com repercussão na coluna”, explicou ao Delas.pt João Lameiras Campagnolo, ortopedista no H. D. Estefânia, em Lisboa, e novo coordenador da campanha ‘Josephine explica a escoliose’.

No que toca à escoliose idiopática na adolescência, as raparigas são, de longe, as mais afetadas. Em cada 10 casos, 8 são raparigas. Um fenómeno que tem sido objeto de estudo mas ainda não tem explicação (percorra a galeria de imagens no topo do texto para ficar a conhecer os sinais a que os pais devem estar atentos).

Observamos que há diferenças consoante o sexo no que toca ao crescimento, à morfologia, à rigidez, ao padrão de curva escoliótica e às hormonas envolvidas. Todos estes fatores podem ser o ambiente no qual os fatores genéticos se combinam para produzir o fenótipo, ou seja, a forma clínica de um paciente com escoliose. Esses fatores podem desempenhar um papel na progressão da curva escoliótica, apesar do tratamento, e podem ajudar a explicar por que razão as curvas de alguns pacientes nunca mudam e outras são resistentes aos tratamentos não-cirúrgicos”, afirmou o médico.

Será que estes números se devem ao crescimento do peito nas raparigas durante a adolescência? Nos últimos anos têm sido feitos alguns estudos que se dedicaram a quantificar a existência de uma assimetria mamária na escoliose torácica feminina. No entanto, de acordo com o especialista, esta assimetria mamária parece ser consequência e não a causa da escoliose.

“A incidência de assimetria mamária na EIA é notável e observa-se um papel sinérgico entre a deformidade da parede torácica anterior e a discrepância no volume de cada mama, que se traduz na assimetria mamária. Contudo, esta assimetria mamária parece ser a consequência e não a causa da escoliose, exceto em doenças com malformação mamária congénita evidente“, sublinhou João Lameiras Campagnolo.

Recentemente, o especialista abraçou o cargo de novo coordenador da campanha ‘Josephine explica a escoliose’ com o objetivo de divulgar mais amplamente, junto da população, dados essenciais relacionados com a escoliose. Entre eles o diagnóstico precoce, as possibilidades de tratamento e informação acerca dos riscos e benefícios dos tratamentos propostos às crianças e às suas famílias.

“Esta divulgação também é essencial junto a outros profissionais de saúde ou da educação que lidam de perto com as crianças e adolescentes e que poderão intervir num diagnóstico precoce da patologia, o que deveria ser suficiente para um tratamento em melhores condições dos pacientes e com evolução menos gravosa da sua escoliose. Juntar o conhecimento científico a estratégias adequadas de comunicação social é um desafio apaixonante, com o intuito de poder suprir os défices de formação e de informação da população acerca deste tema”, acrescentou o ortopedista.

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