Especialistas dão novas soluções para recuperar olfato após covid-19

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A perda de olfato tem estado entre os sintomas comuns da covid-19, com perdas reportadas em nove de cada dez casos de infetados pelo novo Coronavírus.

E se alguns pacientes recuperaram este sentido pouco tempo depois, muitos há que, ao fim de três e seis meses de dar a doença formalmente por tratada, se debatem para recuperar esse sentido. Noutros casos, tendo-o em parte, os cheiros não respondem integralmente à memória que se tem deles.

Uma perda decorrente da pandemia que tem colocado os especialistas em debate na procura de caminhos para levar os pacientes a recuperarem essa faculdade.

vários estudos internacionais que querem apontar já caminhos para a resolução deste problema. E se o recurso a corticosteróides, que reduzem a inflamação, parece promover algum alívio, surgem agora novas indicações para a reconquista desta faculdade. As indicações passam pelo treino permanente de cheiros.

Segundo uma investigação levada cabo na Universidade de East Anglia (UEA), no Reino Unido, a solução pode passar pela reaprendizagem dos aromas, recomendando que se inalem quatro cheiros diferentes duas vezes por dia, um exercício a repetir ao longo de vários meses.

Nove em cada dez pessoas (90%) que perderam o olfato devido à covid-19 acabarão por recuperar totalmente as habilidades nasais após seis meses, refere a investigação publicada na revista International Forum of Allergy & Rhinology (e que pode ser consultada no original aqui).

O treino diário do olfato surge como “opção de tratamento barata, simples e sem efeitos colaterais para várias causas de perda de cheiro, incluindo covid-19”, refere o especialista em perda do olfato e professor da Escola de Medicina de Norwich da UEA, Carl Philpott.

Diz este professor universitário que “o objetivo é ajudar na recuperação com base na neuroplasticidade, a capacidade do cérebro se reorganizar para compensar uma mudança ou lesão”.

A perda de cheiro causada pela covid-19 criou uma procura mundial sem precedentes por tratamento. “Cerca de uma em cada cinco pessoas que experimentam perda do olfato como resultado da Covid-19 relatam que este sentido ainda não tinha voltado ao normal oito semanas depois de se ter adoecido”, referiu Philpott.

O mesmo investigador confirma que “há pouca evidência científica de que os corticosteróides ajudem na perda do olfato. Têm efeitos colaterais adversos em potencial bem conhecidos e o conselho é que não devem ser prescritos como um tratamento para a perda de cheiro pós-viral”, explica Philpott.

Respostas portuguesas só daqui a mês a meio

O Delas.pt tentou obter respostas junto da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (SPORL), mas estas são remetidas para daqui a mês e meio.

Nessa ocasião, terá lugar o primeiro evento científico e o tema é justamente a perturbação do olfato e do paladar associada à infeção pelo vírus SARS-Cov2. “É um assunto muito pertinente e com potencial impacto na qualidade de vida dos infetados”, refere, por escrito, o responsável da entidade, Paulo Vera-Cruz. Por isso, este será o “tema para discussão no próximo evento científico, a realizar em formato digital, a 26 de junho”, no qual haverá “partilha de conhecimento científico e de experiências dos médicos de otorrinolaringologia na abordagem deste assunto”, esclarece.