Esta é a razão psicológica pela qual muitos se recusam a usar máscara

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Em Portugal os casos da Covid-19 têm vindo a aumentar, especialmente na Área Metropolitana de Lisboa, onde várias medidas já têm sido tomadas. Em países como os Estados Unidos da América, os números de mortos e infetados pela doença cresce de forma assustadora. E muitos são aquelas que ainda se recusam a usar uma máscara.

Segundo os especialista que têm vindo a estudar os comportamentos face a esta temática, há algumas razões que podem justificar esta ação. Na ausência de uma vacina ou tratamento eficaz, o único que nos pode manter a salvo é o uso de máscaras de proteção individual, a correta higienização das mãos e o distanciamento social.

Muitos afirmam que não usam a máscara porque é uma imposição contra a sua liberdade, defendendo que estão no direito de se recusar a usá-la.

David Abrams, professor de ciências sociais e comportamentais da Escola de Saúde Pública Global da Universidade de Nova Iorque, disse ao HuffPost que a existência de opiniões tão díspares sobre as máscaras podem ser atribuídas a uma coisa: este vírus e a pandemia parecem ser algo tão desconhecido que nos estamos a agarrar ao que nos faz sentir seguros no momento.

“Os seres humanos, como outros primatas e mamíferos, têm um forte instinto de sobrevivência inerente e subjacente, que é hiper estimulado sob uma súbita ameaça de um inimigo desconhecido”, explicou o especialista, acrescentando que “isso leva àquilo a que os psicólogos chamam de ‘cognição quente’, que é um conjunto de emoções fortes e poderosas que substituem e apagam completamente o pensamento racional comum“. Para muitos, a sua luta virou-se para a imposição do governo em obrigar as pessoas a usar algo contra a sua vontade.

“Em momentos como este, as pessoas tornam-se vigilantes e sensíveis a qualquer ameaça. “As pessoas estão como bombas e respondem com uma postura maciça de raiva e com disposição para lutar. É como se o seu tapete tivesse sido arrancado e a ordem mundial habitual tivesse mudado e, então, algumas pessoas ficam prontas para qualquer coisa”.

“Qualquer comportamento humano, mesmo um comportamento aparentemente simples como o usar uma máscara ou não, é determinado por vários fatores: crenças políticas, ideologia, fatores sociais, educação”, afirmou ao mesmo meio Joseph Trunzo, professor e chefe do departamento de psicologia da Bryant University em Smithfield, Rhode Island, Estados Unidos da América. E por isso é tão complicado entender a razão pela qual as pessoas se recusam a usar a máscara, porque depende de indivíduo para indivíduo.

Ainda assim, existem alguns argumentos em comum das pessoas que se abstêm de usar a máscara de proteção individual. Os especialistas juntaram algumas delas:

Sentir-se no controlo

No meio de uma pandemia e de uma realidade que ninguém consegue controlar, muitas pessoas sentem que, ao recusar andar de máscara e marcar a sua posição, estão de alguma forma a ter poder sobre as suas ações e sobre o que se passa à sua volta. Enquanto algumas pessoas se sentem seguras ao utilizá-la e a seguir as normas, outras preferem continuar no controlo e não a usar.

A incerteza e a desconfiança

Sabemos que as informações passadas sobre o uso deste método de proteção não tem sido consistente ao longo dos tempos. Se inicialmente se dizia que as máscaras não protegiam as pessoas de apanhar o vírus, agora obriga-se o seu uso em quase todos os locais – especialmente os fechados. Muitas pessoas não acreditam nestas informações, precisamente por estarem sempre a mudar e não lhes parecerem fidedignas ou concisas.

A certeza de que não são infetados

Muitos jovens, por exemplo, partem do pressuposto que não fazem parte do grupo de risco e acreditam que mesmo que andem sem máscara e apanhem o vírus não lhes vai acontecer nada de mal. A verdade é que ainda que a maior fatia das pessoas infetadas seja idosa, já existiram várias mortes ou internamentos de mais jovens. Além do mais, podemos sempre criar cadeias de transmissão que acabam por afetar pessoas que são realmente de risco.

Seguir exemplos de ‘superiores’

Sabemos que, por exemplo, o Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, não utiliza máscara de proteção individual. Muitas pessoas olhem estes exemplos de pessoas ditas “superiores” para justificar os seus próprios atos, acreditando que se eles não usam, então não pode ser assim tão mau também não o fazer.