Women in Tech: estas mulheres foram “loucas o suficiente” para se aventurarem

Web Summit
Fotografia de Filipe Amorim/Global Imagens

Nada aqui pára no tempo. As mesas e as cadeiras vão sendo sucessivamente ocupadas por novas pessoas: sozinhas ou aos pares, com telemóveis e computadores. Por vezes há copos de água, mas há quase sempre chávenas descartáveis de café. É este o ambiente que se vive no stand da Booking.com, um espaço privilegiado para as mulheres na tecnologia. Aliás, é essa a designação que recebe: Women in Tech Lounge. Também há homens. E não são poucos.

Os clientes deste espaço cumprimentam-se, sentam-se, apresentam ideias, confirmam os contactos que já tinham trocado e partem. Partem rumo a novas conversas, a novas parcerias. E aqui há um pouco de tudo. Matemáticas e artistas, financeiras e engenheiras.

Bernardine Brocker Wieder é um dos rostos da Vastari. Tem 30 anos e há seis criou esta empresa tecnológica ligada ao mundo das artes e nunca mais abrandou. “Vim cá à procura de informação sobre contratos, mas também sobre realidade virtual. Trabalhamos sobretudo para colecionadores e museus e temos clientes portugueses e representação em Portugal”, conta.

Bernardine Brocker Wieder

Na prática, esta tecnológica facilita o contacto entre museus e coleções de arte disponíveis no mundo e estabelece as propostas. Como surgiu? Simples, diz ela. “Éramos novas e loucas o suficiente para perceber que talvez este serviço fizesse falta”, ri, bem alto. Pelos vistos fazia falta, a avaliar pela quantidade de trabalho que diz ter.

Nicky van Bueguel ainda não está nessa fase. “Venho das artes e estou aqui à procura de inspiração, quer sobre a minha área, quer sobre cultura e política”, revela, sem querer dar grandes detalhes sobre o que procura.

Sarah Finot surge de outra forma. Jovem, na casa dos 20 anos, chega ao pé do Delas.pt e pergunta quem somos. Respondemos, ela sorri e diz: “Que bom, tinha-vos enviado um pedido de contacto”. Pois bem, Sarah está a trabalhar gratuitamente para uma aplicação que quer reunir todas as mulheres do mundo, permitindo-lhes “encontrar outras em qualquer parte, seja para trabalho ou lazer”.

Sarah Finot

A aplicação ThereSheGoes, cuja CEO é Claire Passy, só será lançada em janeiro, a partir de Amesterdão, mas a construção das bases parece ter passado por aqui mesmo, em Lisboa, nesta Web Summit.

Informação: saber é poder

Com 43 anos, Orsolya Gábori vem de Budapeste para saber mais sobre dados, ciência, cibercrime e pirataria. Ela é matemática e engenheira de formação e, olhando para o que diz, era bem possível perceber que ela já domina aqueles dossiês há muito.

Ainda assim, a empresa NNG LLC, para à qual ela trabalha, voltou a enviá-la a Lisboa, para mais esta edição da Web Summit, que está a decorrer no Parque das Nações, em Lisboa, e se estende até quinta-feira, 7 de novembro. “Quero saber mais, perceber como e onde se pode intervir para prevenir os ataques”, afirma.

É também a segurança que traz Sandra Maduro, de 39 anos, à cimeira do empreendedorismo e da tecnologia. Esta portuguesa, que trabalha para uma empresa de financiamento, diz ter “imensa curiosidade em saber mais sobre ciberataque”, mas também veio para “conhecer melhor esta realidade”, refere.

Audrey Rochas, de 40 anos, tem outros objetivos. Vem de Paris e vem oferecer, pela Creative Slashes, o que há muito já faz com marcas como a Amazon ou a Whirlpool. “Procuro parceiros para negócios e clientes nas áreas do marketing e já conheci projetos muito interessantes aqui, alguns sobre e para mulheres”, revela ao Delas.pt. Entre eles, exemplifica: “Conheci uma plataforma que quer dar apoio a mulheres nas suas viagens, muito direcionada para a segurança delas.”

Audrey Rochas

Estes são apenas alguns dos milhares dos testemunhos que podem ser encontrados por estes dias à beira Tejo.