Estas são as canções portuguesas a votação para o primeiro cancioneiro europeu

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Fotografia: AP Photo/Armando Franca

O fado “Foi Deus”, de Alberto Janes, interpretado por Amália Rodrigues, em 1952, “é a canção portuguesa mais votada” para fazer parte do primeiro “Cancioneiro da União Europeia” (UE). Mas há mais temas nacionais a votos, neste projeto, que está a ser desenvolvido pela European Union Songbook Association, com sede em Copenhaga. O objetivo é selecionar seis canções portuguesas, uma por cada categoria: “Amor”, “Fé e Espiritualidade”, “Natureza”, “Paz e/ou Liberdade”, “Música Popular” e “Música Infantil”.

“Foi Deus”, a canção portuguesa mais votada, lidera a categoria “Fé e Espiritualidade”, com 45% dos votos, na qual é seguida de “Natal em Elvas”, do cancioneiro popular alentejano, com 14%. Na categoria “Amor“, lidera “Perdidamente“, de Florbela Espanca, com música de João Gil, pelo grupo Trovante, com cerca de 26%, seguida de “Amar pelos Dois“, de Luísa Sobral, com a qual Salvador Sobral deu, em 2018, a primeira vitória a Portugal no Festival da Eurovisão, com 20%.

Em “Natureza” lidera “Canção do Mar“, de Frederico de Brito e Ferrer Trindade, apresentada pela primeira vez por Maria Odete Coutinho, e gravada em 1953 por Carlos Fernando acompanhado pelo Conjunto de Mário Simões, foi recriada várias vezes por outros artistas, como o brasileiro Agostinho dos Santos, em francês por Yvette Giraud, e, mais tarde, na década de 1990, por Dulce Pontes. No segundo posto, com 20% das intenções de voto, está “Verdes são os Campos” (Luís de Camões/José Afonso), por José Afonso.

Nas “Canções Populares”, o tema “Malhão, Malhão”, do cancioneiro popular do Douro Litoral, lidera a categoria, enquanto “A Loja do Mestre André” segue no topo da categoria das “Canções Infantis”.

A lista, com as dez canções por categoria, foi elaborada a partir de uma pré-seleção realizada “por membros da comunidade musical portuguesa”, “em particular a Associação Portuguesa de Educação Musical, a Associação Musical Lisboa Cantat, o Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música e Dança e a Academia de Música de Lagos”, segundo comunicado da organização.

Os temas pré-selecionados podem ser votados, até ao final do mês no site do organismo: http://www.eu-songbook.org/.

Neste cancioneiro participam todos os 28 países da União Europeia, incluindo o Reino Unido, que negoceia a sua saída da comunidade, prevista para março próximo.

Em declarações à agência Lusa, Jeppe Marsling, promotor desta iniciativa, sublinhou que o “Cancioneiro da União Europeia” “não tem quaisquer laços políticos ou financeiros com o sistema da União Europeia”. “Queríamos ter certeza que as pessoas entendam que este não é um projeto para promover a imagem de Bruxelas, mas feito de paixão pela ideia de uma União Europeia de povos”.

“Há mais de 50 anos, que nós, os cidadãos europeus, trocamos coisas físicas: carvão, peixe e outros produtos. O intercâmbio cultural, por outro lado, até agora consistiu principalmente na área do desporto – Liga dos Campeões -, e um concurso de música única – a Eurovisão. Sentimos que é tempo para criar um símbolo comum mais duradouro, um cancioneiro”, lê-se no ‘site’ da European Union Songbook Association.

“Mesmo que a música seja verdadeiramente uma linguagem universal, apenas ler a partitura das 168 músicas a serem impressas no ‘Cancioneiro’, não é culturalmente satisfatório, portanto, as letras serão impressas com uma tradução em inglês, bem como nas 24 línguas da União Europeia, o que permitirá que todos cantem juntos. Embora o inglês seja falado por cerca de 40% da população europeia, todos os cidadãos devem ter a opção de cantar as 168 músicas nas suas línguas maternas”, lê-se no ‘site’.

AT com Lusa

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