Cuidados de beleza como aplicar um creme de dia todas as manhãs ou um hidratante após o banho podem estar a comprometer a nossa saúde. Porquê? Por causa dos alteradores endócrinos. Presentes em muitos dos produtos de beleza, têm poder para alterar o bom funcionamento do organismo sem que se dê por isso, levando ao aparecimento de diversos problemas de saúde.
Invisíveis ao olhar, os alteradores endócrinos, também conhecidos por disruptores endócrinos ou contaminantes, são substâncias tóxicas, (por vezes) presentes nos plásticos das embalagens ou na própria composição dos produtos, que se instalam no organismo. Bisfenol A, isobutil-parabeno e ftalato são alguns deles.
Tal como o nome indica, ao entrarem no organismo, alteram o sistema hormonal (composto por órgãos como o pâncreas, a tiróide, o sistema reprodutor, as glândulas suprarrenais, entre outros), modificando o funcionamento normal do corpo. E, quando este deixa de funcionar como devia, podem desenvolver-se doenças como a diabetes, obesidade, hipo ou hipertoroidismo, menstruação precoce, infertilidade masculina ou ainda problemas cardiovasculares, explicou a professora e investigadora Conceição Calhau, da Universidade Nova de Lisboa e do CINTESIS, com base numa investigação que está a decorrer desde 2010.
“A probabilidade de toxicidade é maior durante períodos em que nos encontramos mais vulneráveis – como na vida intrauterina, no pós-natal, na infância e na puberdade”, diz Conceição Calhau
Fiéis a determinados produtos de beleza, muitas mulheres fazem uso diário de cosméticos específicos, tendo uma exposição constante a determinadas substâncias tóxicas. O mesmo acontece com os produtos que aplicamos em bebés ou com os utilizados pelos adolescentes.
De acordo com a investigadora, “a pediatria está hoje mais alerta sobre problemas de saúde que apareciam mais tarde. Isto porque a probabilidade de toxicidade é maior durante períodos em que nos encontramos mais vulneráveis – como na vida intrauterina, no pós-natal, na infância e na puberdade”.
Conceição Calhau alerta ainda que os efeitos da exposição às substâncias tóxicas podem acontecer anos mais tarde, embora o organismo possa estar contaminado desde cedo.
Estudos nacionais analisam efeitos nefastos desde a gravidez
Em Portugal, desde 2010 que uma equipa de investigadores procura respostas aos efeitos e origem destes poluentes. A maioria acumula-se sobretudo no tecido adiposo (gordura) e, uma vez no organismo, facilmente é transmitido para um feto através do sangue ou do líquido amniótico, pode também passar via leite materno após o nascimento, explicou Conceição Calhau.
De fácil circulação, estes alteradores saem do organismo também através da urina, contaminando o ambiente. Daí que a maioria dos estudos realizados tenham levado à análise de tecido adiposo, mas também de urina ou sangue. Uma mulher que tome a pílula como contracetivo, ao urinar irá expelir quantidades de alteradores endócrinos contaminando o meio ambiente, exemplificou a investigadora.
Num estudo inicial levado a cabo no nosso país (2010-2011), a equipa de investigação de Conceição Calhau analisou amostras de tecido adiposo e sangue de indivíduos obesos sujeitos a cirurgia bariátrica no Hospital de São João do Porto. Após a investigação, confirmou-se a presença de contaminantes no organismo e a existência de uma associação entre a desregulação do metabolismo e a presença de poluentes no tecido adiposo.
A teoria foi reforçada recentemente, num estudo publicado em 2017, realizado através de um modelo animal. Os resultados obtidos revelaram que os ratos submetidos à ingestão de contaminantes apresentaram maiores índices de diabetes, hipertensão e inflamação.
Além de presentes nos vários cosméticos, [os alteradores endócrinos] podem encontrar-se em objetos e alimentos.
Os estudos só não permitiram concluir de onde vieram os alteradores endócrinos, porque além de presentes nos vários cosméticos, podem encontrar-se em objetos e alimentos. Ou seja, desde as caixas de plástico onde se transporta a marmita, até à fruta tratada com pesticidas químicos.
Por isso, além de sugerir a utilização de objetos em vidro para transportar os alimentos, seja a garrafa de água ou a caixa da marmita, isso, Conceição Calhau realizou, juntamente com outros investigadores da área, um caderno com informações sobre a presença de alternadores endócrinos nos alimentos.
Embora ainda não exista uma lista de alteradores endócrinos, esta não é uma realidade nova para a Organização Mundial da Saúde (OMS) que, desde 2012, reconhece a existência destas substâncias tóxicas considerando-as uma ameaça global para a saúde pública.
Percorra a galeria de imagens para conhecer os produtos da SVR já testados e aprovados como livres de alteradores endócrinos.
SVR, a marca livre de alteradores endócrinos
No mercado ainda são poucas as marcas atentas a estes contaminantes. No campo da cosmética, a SVR foi a primeira a analisar algumas das gamas à venda – começando pelas destinadas a bebés, crianças, jovens e grávidas.
As análises foram feitas num laboratório independente e especializado na área de alteradores endócrinos – Watchfrog –, realizando testes nos produtos acabados e nas embalagens. Solares, cicatrizantes, antiatopia, antiacne e antimanchas foram as linhas testadas até agora (pode ver os produtos na galeria acima).
Após as análises, “não foi preciso reformular nenhum produto”, garante Joana Ferreira, gestora de produto da marca SVR. Considerados como seguros, os produtos analisados encontram-se à venda com o selo “Testado Alteradores Endócrinos” inscrito nas embalagens (como mostra a imagem abaixo).
[Imagem de destaque: Shutterstcok]