Este projeto dá emprego a desempregadas com mais de 55 anos

Em 2018, a espanhola Elena Durán, que vive há 10 anos em Portugal, abandonou a carreira que tinha há oito anos em gestão, marketing, vendas e estratégia na Unilever, em Portugal. Quis criar o 55+, um projeto social para dar emprego a pessoas com mais de 55 anos, desempregadas ou reformadas. Funciona através da partilha de know-how e prestação de serviços para todos.

“O meu pai tinha uma vida super ativa, era diretor de uma escola e super dedicado ao seu trabalho. Era muito dinâmico. Quando se reformou, eu e o meu irmão ficámos preocupados com o que ia acontecer com esta paragem repentina, que podia ter consequências físicas ou mentais. Tive a ideia para este projeto e falei com parceiros, ouvi pessoas e fui criando o que é hoje o +55″, explicou ao Delas.pt Elena Durán.

A funcionar desde outubro de 2018, o 55+ já conta com mais de 100 inscritos. Através do site permite a qualquer pessoa adquirir serviços úteis para o dia-a-dia. Pode pedir para lhe prepararem comida para apenas um dia ou para a semana inteira, apoio a familiares seniores ou crianças, jardinagem, pet sitting, aulas de música, pequenas reparações e muito mais.

Mulher passear cão

“Quase todas as atividades que temos são de apoio familiar, ou seja, normalmente são para pessoas que têm a vida muito preenchida com os filhos, trabalho e quase não têm tempo para tratar de algumas das coisas do dia-a-dia”, afirmou a fundadora do projeto.

Manuela Lopes, de 60 anos, teve conhecimento do projeto através de um flyer que lhe deixaram no correio. Como achou interessante e estava desempregada, decidiu inscrever-se. Neste momento dá aulas de inglês a uma senhora de 67 anos e está inscrita para acompanhamento de seniores e crianças.

“Tratei da minha mãe, que tinha uma dependência praticamente total, durante 5 anos. Portanto, durante esse tempo tive oportunidade de frequentar alguns cursos na Cruz Vermelha e decidi continuar a ajudar quem precisasse nessa área. Como dou também explicações de inglês ao terceiro ciclo desde que fechei a minha empresa de produtos biológicos, candidatei-me dentro dessa área, onde tenho mais à-vontade”, contou Manuela Lopes.

“Nem todas estas pessoas querem ir para um centro de dia”

A viver em Portugal há uma década, a espanhola que criou o 55+ considera que ainda há muito a fazer para se lidar bem com o envelhecimento no país (percorra a galeria de imagens no topo do texto para ver alguns dos serviços do 55+).

“As pessoas que temos neste momento com mais de 55, 65 ou 75 anos não são iguais às que tínhamos há uma década, mas continuamos com as mesmas soluções que tínhamos antigamente. Nem todas estas pessoas querem ir para um centro de dia ou universidade sénior”, sublinhou Elena Durán.

Para se inscrever na prestação de serviços ou requisitá-los basta ir ao site ou contactar os responsáveis pelo projeto por WhatsApp (930 55 65 75). Caso queira trabalhar, só precisa de ter mais de 55 anos, vontade de ser mais ativa, conhecer pessoas e estar comprometida.

“O compromisso e a dedicação das pessoas é importante. Não é um trabalho fixo, de 40 horas semanais e com um contrato. É uma ocupação e uma atividade para estarem mais envolvidos na sociedade, mas o que dizem que vão fazer é para fazer”, disse a criadora do projeto.

Um projeto gratificante

Apesar de o 55+ só ter quatro meses, Elena Durán não podia estar mais satisfeita com os resultados. Tem a certeza de que está a satisfazer uma necessidade da sociedade.

“As pessoas precisam disto, sentem-se muito mais realizadas, gostam e os clientes sentem-se super satisfeitos pela comodidade, compromisso e dedicação que recebem do +55 e da pessoa que presta o serviço”, ressalvou Elena Durán.

Por enquanto o projeto só está disponível em Lisboa, mas a espanhola tem percebido que há interesse em várias zonas de Portugal continental e até nas ilhas. O objetivo é solidificar a plataforma e expandi-la.

“Temos pessoas a contactar-nos do Porto, Alentejo, Algarve e até de Ponta Delgada. Dizem que sabem que, por enquanto, só estamos em Lisboa, mas querem que guardemos os contactos e as avisemos quando estivermos disponíveis nas suas zonas“, acrescentou a responsável.

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