Este simples hábito no chá está a levá-la a ingerir milhões de micro e nanoplásticos

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[Fotografia: Freepik]

Não deixe de beber chá, mas comece a ponderar seriamente fazê-lo de outra maneira. Uma equipa de cientistas composta por investigadores de Espanha, Egito e Alemanha descobriu que uma chávena de chá pode ter milhares de milhões de partículas plásticas microscópicas fruto dos saquinhos em que as ervas vêm envoltas.

A equipa analisou três tipos de embalagens e concluiu que um simples saquinho pode libertar de 8 milhões a 1,2 mil milhões de nanoplásticos na chávena e os de propileno são mesmo os mais arriscados, num processo que é desencadeado no momento da infusão. Os pacotinhos de celulose libertam 135 milhões de partículas e os de nylon-6 cerca de 8,18 milhões de partículas que são depois absorvidas pelo corpo.

Ao examinar microscopicamente os saquinhos de chá, os investigadores encontraram várias irregularidades na superfície e que estas podiam contribuir para a libertação de partículas, arriscando depois serem absorvidas pelo sistema digestivo.

A equipa de cientistas testou depois três tipos diferentes de células intestinais humanas, incluindo aquelas que produzem muco protetor semelhante ao revestimento intestinal. Estas tenderam a acumular mais partículas de plástico, sugerindo que as barreiras defensivas naturais do nosso corpo podiam ajudar a reter esses materiais, evitando maior contaminação. Mas serão suficientes? “À medida que o uso de plástico em embalagens de alimentos continua a aumentar, é vital abordar a contaminação por MNPLs para garantir a segurança alimentar e proteger a saúde pública”, pedem os cientistas deste estudo, que pode ser consultado no original aqui.

“Conseguimos caracterizar estes poluentes de forma inovadora com um conjunto de tecnologias de ponta, um estudo importante para avançar na pesquisa sobre possíveis impactos na saúde humana”, justifica a investigadora da Universitat Autònoma de Barcelona, Alba Garcia, ​​em comunicado à imprensa.

Para chegar a estas conclusões, a equipa simulou condições típicas de preparação e infusão de chá usando individualmente 300 saquinhos de chá em água quente, a 95º Celsius. Depois, recolheram e analisaram as partículas libertadas, introduziram-lhes corante fluorescente para perceber o rasto que deixavam, e dispuseram-nas em contacto com células intestinais humanas por 24 horas para observar como interagiam entre si. A equipa constatou que os diferentes tipos de células intestinais mostraram níveis variados de absorção de partículas.