Estes foram os assuntos mais discutidos na terapia no último ano

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Se as mulheres tendem a ir à terapia para falar sobre a deficiente divisão de tarefas domésticas ou a falta de interesse sexual por parte dos maridos, há outros tópicos da vida quotidiana que também não ficam de fora no que diz respeito o ato de desabafar com um profissional.

Comparar a vida com os outros, nomeadamente através das redes sociais, ou falar sobre sintomas de burnout foram apenas dois dos tópicos mais abordados na terapia, no ano passado. Mas há mais.

A secção Life do jornal Huffpost falou com alguns especialistas que enumeraram uma pequena lista sobre as maiores problemáticas abordadas nas suas sessões de terapia. E, muito provavelmente, estes são os maiores pontos de stress da vida da sociedade atual.

Comparar a vida a outra pessoa, especialmente nas redes sociais

“Uma das coisas mais comuns que as pessoas trouxeram para as minhas sessões foi o medo de não serem aquilo que pensavam ser – o chamado síndrome do impostor. Isto porque as pessoas estão tão habituadas a ver ‘o sucesso dos outros’ nas redes sociais, que veem os outros como se fossem a sério, duvidando das suas capacidades. Isto realmente mexe com o nosso sentimento de inadequação. As redes sociais fizeram da comparação e do contraste uma nova norma“, defendeu Karka Ivankovich, conselheira clínica numa clínica em Illinois, Estados Unidos da América, ao Huffpost.

“Em 2019, muitos dos meus clientes lidaram com o Síndrome de Impostor e com a impossibilidade de perfeição. Penso que um dos grandes fatores de isto ser uma preocupação crescente na vida das pessoas é devido à cada vez maior exposição, nas redes sociais e internet, da vida de toda a gente – mas só realçando o que interessa. Quero com isto dizer que as pessoas tendem a mostrar apenas alguns momentos, sem as dificuldades e os erros”, menciona ao mesmo meio Heidi Cox, psicóloga em Nova Iorque.

Lidar com o amor online

“A dinâmica das relações mudou exponencialmente com o acordar dos encontros online. A ubiquidade dos matches cria uma mentalidade de consumismo e leva as pessoas a experimentar a insatisfação com as suas opções. Isto é uma demonstração psicológica daquilo a que chamamos de “demasiada escolha”. Quantas mais escolhas nós temos, mais difícil é tomar um partido e menos satisfeitos estamos com as nossas decisões”, sugeriu Brooke Sprowl, diretor de uma clínica terapêutica em Los Angeles, Estados Unidos da América.

Definir barreiras nas relações

“Um dos tópicos mais comuns que os pacientes me trouxeram foi a dificuldade em manter e impor limites nas suas relações. Uma relação com os outros implica um equilíbrio entre as nossas necessidades e a deles. Demora algum tempo a construir um equilíbrio saudável que assegure o respeito e o amor“, defendeu Averry Cox, terapeuta em Seattle, EUA.

Também Jacob Kountz, terapeuta familiar e de casamento, afirma que este cenário lhe foi muito comum: “Vejo muitos clientes a ter dificuldade em dizer ‘não’ aos outros. Dizem-me que o fazem porque não querem que os seus amigos ou familiares fiquem desapontados com eles, mesmo que seja um gastar das suas energias. Isto é uma luta interna porque as pessoas passam o tempo descontentes para agradar os que lhes estão mais próximos e não têm certezas de como ser assertivas consigo mesmas”, conclui.

Viver com sintomas causados pelo burnout

Ansiedade, preocupação, stress, insónias durante o período de trabalho são das dificuldades mais frequentes que eu oiço”, afirma ao mesmo meio de comunicação Rebekah Montgomery, psicóloga numa clínica em Washington D.C. “As pessoas estão a lidar constantemente com a pressão pelo sucesso no trabalho, e isso reflete-se na sua valorização, bem como no equilíbrio entre trabalho e relações e também autoestima. O trabalho realmente tornou-se numa máxima, no que mais importa e passou a consumir demasiado do nosso tempo que, por isso, há pouco espaço para o resto”, continuou a especialista.

Problemas relacionados com sexo e prazer

“Vejo cada vez mais homens a vir discutir sobre o facto de sentirem menos desejo sexual e a falar sobre stress, desafios emocionais e a falar sobre vulnerabilidades que sentem e como isso afeta o seu desejo sexual e performance. Estamos, aos poucos, a criar mais espaço para que os homens se sintam mais confortáveis a falar sobre assuntos que antes não o faziam devido à conhecida narrativa da masculinidade, disse a autora e terapeuta Sarah Hunter Murray. Por outro lado, acrescente, também vemos as mulheres a sentir mais abertura sobre a temática do sexo e do prazer.