As recomendações para uma boa noite de sono são há muito conhecidas e globais. E entidade norte-americana National Sleep Foundation tem vincado que os adultos entre 26 e 64 anos devem dormir, em média, sete e nove horas por noite. Números que quase todas as pessoas, tendo em conta o quotidiano agitado, facilmente violam.
Médias, aliás, que têm sido importadas para Portugal como a referência de padrões de sono que deveriam ser cumpridas. Na galeria acima, conheça alguns gestos simples que vão facilitar e promover um descanso mais restaurador.
Apesar destas indicações gerais em termos horários, surge agora uma mais específica e direcionada para as mulheres. Estas devem, afinal, deixar o despertador tocar ligeiramente mais tarde do que os homens.
Jim Horne, neurocientista e diretor do Centro de Pesquisa do Sono da Universidade de Loughborough, do Reino Unido, explica que o sexo feminino precisa de ter, em média, mais 20 minutos de repouso do que os homens.
Dados que chegam após um estudo iniciado em março de 2017 e feito com o recurso a pulseiras que comummente medem a atividade física e que, neste caso, foram postos ao serviço das medições da atividade durante a noite. A empresa detentora destes dispositivos eletrónicos, a FitBit, concluiu que os homens dormem, em média, seis horas e 26 minutos, enquanto o tempo das mulheres é de seis horas e 50 minutos.
Multitarefa exige maior descanso
A razão evocada para explicar esta distinção é encontrada na arquitetura do cérebro, concluindo-se que a multitarefa – muito característica das mulheres – cansa mais e reclama, por isso, mais repouso.
A sustentar esta tese, o jornal espanhol El País cita um estudo da Universidade da Pensilvânia segundo o qual é possível perceber que a estrutura neuronal do sexo feminino demonstra certas habilidades de comunicação, capacidade analítica e intuitiva e melhor memória e cognição social, encaminhando as mulheres para a já conhecida multitarefa, o que exige depois mais energia e, consequentemente, maior necessidade de recuperação.
“É possível que este tipo de atividade cerebral requeira uma maior necessidade de descanso por parte das mulheres“, concorda Javier Puertas, chefe da neurofisiologia e da unidade do sono do Hospital Universitário La Ribera.
Em fevereiro de 2017, um estudo português realizado pela empresa europeia para o equipamento e decoração do lar, Conforama, apontava já para o facto de o sexo feminino reconhecer, com uma diferença de 6% e no âmbito de um inquérito, uma maior necessidade de horas diárias de sono. Isto num universo em que se constatava que dois em cada três portugueses dormiam pouco e nem sempre bem.
Na ocasião, ao Delas.pt, Joaquim Moita, presidente da Associação Portuguesa do Sono (APSono) também reiterou que as mulheres dormem menos do que o que deviam, tendo maiores alterações de sono.
Independentemente da questão das multitarefas, o responsável da entidade justificava esta propensão relacionando-a com “alterações hormonais ao longo da vida”, os “períodos menstruais associados a má qualidade de sono e insónia”.
Mas a lista não terminava ali. “Hoje em dia, em Portugal, a mulher tem perturbações de ansiedade, tem uma vida mais stressante, e, para além das tarefas profissionais, tem de cuidar dos filhos e da casa. Vai para a cama muitas vezes num quadro de ansiedade que não facilita o sono. Há estudos que dizem que ao longo da vida a mulher dorme menos meia hora por dia do que os homens”, referia então este coordenador do Centro de Medicina do Sono. Ou seja, para lá de as mulheres precisarem de dormir mais 20 minutos que o sexo oposto, o especialista vincou que elas estavam a fazer exatamente o contrário, repousando menos meia hora do que eles.
É ainda importante vincar que são muitas as pesquisas que indicam que as mulheres sofrem mais de insónia e de outros problemas em adormecer.
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