Estes são os traços ‘sombrios’ que potenciam desejo sexual e consumo de pornografia

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[Fotografia: Freepik]

A análise que procurou estabelecer correlação entre traços de personalidade “sombrios” e motivação sexual envolveu duas universidades distintas e duas fases de estudo. Num primeiro momento, foi pedido a 701 alunos, entre os 17 e os 29 anos, da Universidade da Columbia Britânica que respondessem a um questionário online através do qual eram feitas avaliações de personalidade ao nível de maquiavelismo, narcisismo, psicopatia e sadismo. De seguida, foram inquiridos no sentido de reportarem nível de desejo sexual e frequência de consumo de pornografia.

Numa segunda fase da pesquisa, já conduzida na Universidade de Winnipeg e contando com 400 participantes, 196 deles foram testados, de novo, cinco meses depois com recurso ao mesmo questionário, mas acrescentando a variável da permanência ou não numa relação romântica. Pretendia-se aferir se haveria alterações ao longo do tempo entre traços de personalidade e desejo sexual manifestado e se estar ou não numa relação afetava comportamentos, motivações sexuais e consumos.

As conclusões dos estudos indicam que o narcisismo e sadismo preveem mais fortemente o desejo sexual. Já a psicopatia e maquiavelismo demonstraram pouca ou nenhuma relação significativa com o desejo sexual. No que diz respeito ao consumo de pornografia, as conclusões foram bastante próximas às anteriores, mas indicando ainda mais que o narcisismo e o sadismo saem reforçadas e suscitam ainda mais a motivação sexual. Os homens demonstram maior prevalência desta correlação do que as mulheres.

A investigação, publicada na revista científica Personality and Individual Differences (e que pode ser consultada aqui no original), indica que o sexo masculino está mais permeável do que o feminino. “Não foi surpreendente o facto de que os homens relataram um desejo sexual muito maior do que as mulheres”, afirma o psicólogo e um dos coautores do estudo Delroy L. Paulhus, citado na investigação. Esta análise vem ainda indicar que estar ou não num relacionamento não interferem com o desejo sexual pré-declarado. “Há uma diferença importante entre a frequência de relações sexuais e o desejo sexual vivenciado pessoalmente”, detalha Paulhus, especificando que “o primeiro depende das oportunidades e é facilitado pela atratividade pessoal”.

É importante vincar que a psicopatia, que se caracteriza pela impulsividade e incapacidade de contenção emocional e que tem sido considerada decisiva como grande preditora do comportamento sexual, pode não ser o traço ‘negro’ mais decisivo. Estes dois novos estudos vêm indicar que o narcisismo (o culto do eu) e o sadismo em nada se ficam atrás nesta matéria.

Revelações que chegam num estudo que lembra a “infeliz” associação entre “sexualidade” e “lado negro” com a “moralidade humana”. Por isso, a equipa de investigadores crê que “a sexualidade está agora a ser reformulada em termos evolucionários em vez de sob julgamentos”, trazendo luz a causas e consequências.