Estivemos nos estúdios em Los Angeles onde se respira animação

landscape-1433348648-tangled-rapunzel-hair-flynn-rider

No segundo andar do número 3355 da W. Empire Avenue, um dos poucos edifícios com mais de cinco pisos em Burbank, Los Angeles, EUA, respira-se animação. A animação que dá forma ao filme e à série de TV ‘Entrelaçados’, mas também a de estar prestes a concluir um projeto que se iniciou há cerca de dois anos. É aí que um open space se divide com pequenos muros brancos, isolando as várias áreas de produção desse projeto da Disney, cuja estreia em Portugal está agendada para breve. As portas para esses espaços resumem-se a cortinas pretas e as paredes estão enfeitadas com screenshots, excertos do script e esboços que traçam a evolução das personagens. Estivemos lá e conversámos com o realizador Chris Sonnenburg, com o produtor e designer Ben Balistreri e com o liricista Glenn Slater.

Com tantos filmes de sucesso, Sonnenburg explicou a escolha de ‘Tangled’ (título original) para um filme e uma série – já em exibição na TV norte-americana – com a “história que ficou por contar”. A ação segue as aventuras da princesa Rapunzel (voz de Mandy Moore) entre ter conhecido o ladrão Eugene (no primeiro título, lançado em 2010), mais conhecido por Flynn Rider (voz de Zachary Levi), e o casamento de ambos (numa curta-metragem de 2012). “Dei comigo a pensar o que teria acontecido entre esses momentos. Quem é Rapunzel? Quem é Eugene? Como é que se relacionam? Quis responder a isto”, justificou.

A série, que se estreará após o filme e tem já duas temporadas garantidas, é vista pelo realizador como “um complemento” às longas-metragens. O maior desafio, sublinha, é manter ao longo dos capítulos o ritmo da ação, que oscila entre tensão e comédia. Para isso, os argumentistas têm criado “pequenas histórias dentro da grande história”. “O Pascal [camaleão de estimação de Rapunzel] tem uma história, o [cavalo] Maximus tem uma história, e contá-las permite-nos manter esse ritmo”, exemplifica.

Balistreri acrescenta que, “neste caso”, há muito que sabem “o ponto de partida e o ponto de chegada” do argumento. “Todo o processo até a personagem da Rapunzel deixar de ser princesa para se tornar uma rainha está pensado. Mas os pequenos detalhes ao longo do caminho são deixados em aberto, porque acreditamos que o melhor das histórias é muitas vezes aquilo que surge instintivamente. Se estivermos muito presos a um plano, podemos perder as grandes ideias”, salienta o designer, que teve a seu cargo o desenho de Rapunzel, uma princesa de “olhos grandes porque está a conhecer o mundo que a rodeia” e sempre “de pés descalços para sentir a terra que pisa”.

É ela, aliás, a “grande força motora” de toda a série, ou não se centrasse esta na decisão da jovem de grandes cabelos loiros de explorar, antes de se casar com Eugene, outras paragens além do seu reino. “Fazendo um paralelismo, é como o primeiro ano pós-universidade, em que há o mundo para conhecer e descobrir quem realmente somos e o que queremos fazer da vida. É este o elemento de realidade nesta animação”, prossegue Ben Balistreri, que, para fugir aos clichés e ao “tudo já está contado, como se costuma dizer”, se preocupou com a forma e os “detalhes que marcam a diferença”. Chris Sonnenburg não nega essa realidade, e frisa que esta se encontra na “verdade das relações” entre personagens.

TANGLED: THE SERIES - "Tangled: The Series" Production Office - The series takes place between the events of the 2010 feature film and the start of the 2012 short film, "Tangled Ever After." With a visually vibrant animation style, the series follows Rapunzel on her adventures as she acquaints herself with her parents, her kingdom of Corona and its people.
Nas paredes dos estúdios conta-se a história de como ‘Entrelaçados’ tomou forma

Sobre a aposta numa série de animação em 2017 e não em 2010, quando ‘Entrelaçados’ surgiu pela primeira vez, o designer diz que se prende apenas com “o avanço tecnológico” e de “programas informáticos” que só agora permitem imprimir a “sofisticação” desejada. Já Sonnenburg diz ser mais “compensador” fazê-lo em TV do que em cinema, já que aqui “dispõe só de hora e meia para contar algo complexo”. “É desafiante, sim, mas permite-nos ter maior riqueza.”

A música do compositor Alan Menken e a letra de Glenn Slater ajudam a narrar o conto. É o liricista quem explica a responsabilidade de escrever para um produto da Disney, marca que tem no seu ADN temas emblemáticos. “A música e a Disney têm uma relação tão estreita, que parte da sua alma vem das melodias. Com ‘Entrelaçados’, seja o filme ou a série, temos a plena consciência de que a música pode ficar na memória e representa as personagens para o resto das suas vidas. Por isso, passámos muito tempo a tentar encontrar aquelas que falem ao coração dos espectadores”, terminou.