Estudo revela as horas que tem de investir para ter amigos a sério

Fazer amizades nunca foi tão fácil como agora, numa realidade em que grande parte da vida pessoal se opera através da internet e das redes sociais. Porém, nem todos os gestos têm o mesmo valor e, a curto ou médio prazo, o mesmo resultado. Quando fazer um amigo está à distância de um clique, será mesmo que se pode chamar amizade ao que daí resulta? Talvez, se se alimentar a relação para lá do gesto virtual.

Links_Envelhecer

Segundo um estudo levado a cabo pela Universidade do Kansas, fazer amigos a sério dá mesmo muito mais trabalho e consome muitas horas. Algo, na verdade, que já suspeitávamos. Mas a investigação – que pretende excluir relações que podem culminar em romance – vai mais longe e estabelece o número de horas necessárias para se construir uma relação de amizade, nas suas mais diversas intensidades.

De acordo com a análise intitulada Quantas horas são necessárias para fazer um amigo? (How many hours does it take to make a friend?, no original e cujo resumo pode consultar aqui), são necessárias entre 80 e 100 horas para se construir as bases de uma amizade sólida. No mesmo estudo, publicado em março no Journal of Social and Personal Relationships, conclui-se que uma relação “casual” emerge de 50 horas (entre 40 e 60) de convívio direto, especificada aqui como amigos com quem se bebe “uns copos” – como se diz na gíria – ou “amigos de amigos que se cruzam em saídas à noite”.

Estudo revela os ingredientes da noitada perfeita com as amigas

Mas se o objetivo é ter um ou uma BFF – Best Friend Forever (para toda a vida), então o estudo aponta para um investimento de 200 horas. Contas feitas e em absoluto, seriam necessários mais de oito dias ininterruptos, sem dormir, e passados com uma mesma pessoa para que esta entrasse na categoria de amiga para sempre.

Certo é que a equipa que desenvolveu esta análise criou também uma ferramenta passível de medir a natureza da relação que tem com outras pessoas e que pode ajudar a encontrar e a classificar os conhecidos, os amigos casuais, os a sério e os BFF. Um teste que pode fazer, em inglês, aqui.

“Não podemos estalar os dedos e, com isso, fazer um amigo”

Estas conclusões decorrem de entrevistas realizadas a 467 pessoas. Numa primeira fase foram auscultados 355 indivíduos que tinham mudado de casa nos últimos seis meses e estavam a tentar estabelecer novas relações. As restantes 112 pessoas foram ouvidas posteriormente: eram caloiros, recém-chegados à universidade e a viverem numa oportunidade única no sentido de estabelecerem novas amizades de raiz. A ambos grupos, relata o estudo, foi perguntado como estavam a evoluir as suas relações sociais, num período de análise que compreendeu as nove semanas.

Nesta investigação, foi pedido aos participantes que classificassem as suas relações de acordo com quatro fases de aprofundamento: conhecido, amigo casual, amigo e amigo íntimo. Posteriormente e com base nas respostas, o investigador estimou o número de horas as pessoas diziam necessitar para fazerem a transição de um nível para outro.

Jeffrey Hall [Fotografia: Universidade do Kansas, EUA]

Para o autor desta investigação, o professor associado em Estudos de Comunicação Jefrrey Hall, não há dúvida de que é preciso investir tempo para construir relações de amizade sólidas. “Não podemos estalar os dedos e, com isso, fazer um amigo. Manter as relações próximas é a tarefa mais importante que temos nas nossas vidas – algo que a maioria das pessoas, quando está à beira da morte, conclui”, referiu o professor ao site da Universidade do Kansas, Estados Unidos da América.

Quando é feita a transição entre os estágios, a quantidade de tempo que passam com outra pessoa duplica ou triplica em três semanas“, referiu Hall, sublinhando que “encontrou caloiros que passaram um terço das horas de vigília de um mês com um bom amigo”.

Esta análise, revelou o professor, partiu de uma extrapolação de estudos anteriores e nos quais era afirmado que o cérebro de uma pessoa só conseguia lidar com cerca de 150 amizades. Por isso, considera Hall, “a quantidade de tempo e o tipo de atividade partilhada com um parceiro pode ser considerada estratégica. Um investimento para pode satisfazer as necessidades de pertença a longo prazo”.

Imagem de destaque: Shutterstock

Estudo diz quantos amigos pode ter no Facebook

O que as amizades dizem sobre a nossa personalidade