Estudo suiço alega ter ‘descoberto’ quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha

pexels-myriams-fotos-12457411
[Fotografia: Pexels/Myriams Fotos]

Investigadores da Universidade de Genebra (UNIGE) descobriram um organismo unicelular capaz de formar estruturas muito semelhantes aos embriões, que pode responder à velha questão de saber se surgiu primeiro o ovo ou a galinha, em favor do primeiro.

Para esta descoberta, a equipa da UNIGE estudou a Chromosfera perkinsii, um organismo unicelular descoberto em sedimentos marinhos no Havai em 2017 e presente na Terra há mais de mil milhões de anos, muito antes de surgirem os primeiros animais, sempre multicelulares.

Os especialistas observaram que quando a célula que forma a cromosfera perkinsii atinge o seu tamanho máximo, divide-se mas mantém sempre a sua dimensão original, formando colónias multicelulares que se assemelham ao desenvolvimento embrionário dos animais, conforme explicado na quarta-feira, 6 de novembro, num comunicado da UNIGE.

Estas colónias persistem durante cerca de um terço do ciclo de vida daquele organismo e compreendem pelo menos dois tipos diferentes de células, um fenómeno que os investigadores definem como surpreendente para aquela forma de vida.

“É uma espécie unicelular, mas o seu comportamento mostra que nela já estão presentes processos de coordenação e diferenciação multicelular, muito antes de os animais aparecerem na Terra”, destacou a professora de bioquímica Omaya Dudin, que liderou o estudo.

“As observações sugerem que os programas genéticos responsáveis pelo desenvolvimento embrionário já estavam presentes antes do aparecimento da vida animal”, concluiu a investigação, publicada na revista especializada Nature.

Os cientistas da equipa da UNIGE esclarecem, no entanto, que outra explicação possível é que o organismo unicelular poderá ter evoluído de forma independente ao longo de milhões de anos até ser capaz de desenvolver embriões.

Um dos grandes enigmas não resolvidos da Biologia é a forma como os organismos unicelulares evoluíram para organismos multicelulares, estes últimos com desenvolvimentos embrionários que seguem sempre fases muito semelhantes, independentemente da espécie.

Segundo a UNIGE, os resultados desta investigação podem servir de suporte a investigações anteriores sobre fósseis com 600 milhões de anos com estruturas também semelhantes a embriões, e que já desafiaram as conceções tradicionais de vida multicelular.