Estudo: Tecnologia ameaça inverter progressos na igualdade de género

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A tecnologia vai aumentar a desigualdade salarial entre géneros e gerar mais perda de emprego nas mulheres do que nos homens. As conclusões são de um relatório do Fórum Económico Mundial (FEM) apresentado na cimeira de Davos, que começou esta terça-feira, 23 de janeiro, na Suíça, e decorre até sexta-feira.

De acordo com o estudo, as diferenças salariais e de estatuto entre homens e mulheres vão aumentar, a não ser que sejam tomadas medidas nos setores com maior crescimento, como é o caso da tecnologia, sublinham os investigadores.

A análise estima que nos empregos do futuro continue a haver um domínio masculino, sobretudo nas áreas das tecnologias da informação e da biotecnologia, o que poderá comprometer os esforços feitos para reduzir o gap salarial entre géneros e alguns dos avanços registados ao longo dos anos. Em paralelo, o número de empregos perdidos com a crescente automatização dos setores de atividade será maior para as mulheres, que representarão, até 2026, 57% dos empregos que irão desaparecer.

“É necessária uma abordagem holística das empresas quando pensam em igualdade de género (…). A diversidade leva à criatividade, o que se torna ainda mais necessário num mundo que atravessa uma [nova] revolução industrial”, diz Saadia Zahidi

“Estamos realmente a assistir a um agravamento da desigualdade, particularmente nas tecnologias da informação, mas também na generalidade dos setores. Estamos a perder oportunidades valiosas de reduzir a desigualdade de género”, afirma em declarações ao The Guardian, Saadia Zahidi, a responsável pelas áreas da educação, género e trabalho do Fórum Económico Mundial.

O último relatório anual que o Fórum Económico Mundial apresentou no final de 2017 já mostrava, pela primeira vez, um recuo nos avanços feitos nos últimos dez anos e uma tendência de crescimento desigualdade entre géneros desde que os relatórios começaram a ser produzidos, em 2006.

No caso dos trabalhos com maior possibilidade de empregabilidade, mesmo sendo as mulheres muitas vezes a maioria da população universitária, há dois fatores que podem explicar essa sub-representação feminina. Segundo Saadia Zahidi, por um lado verifica-se uma fraca percentagem de mulheres nas áreas de grande crescimento no futuro próximo, como as tecnologias da informação, biotecnologia e infraestruturas, por outro, nos setores onde o sexo feminino é o mais representado, como a educação, saúde e cuidados, “as posições de liderança continuam a ser dominadas pelos homens“.

“É necessária uma abordagem holística das empresas quando pensam em igualdade de género, não apenas na nivelação de posições hierárquicas. A diversidade leva à criatividade, o que se torna ainda mais necessário num mundo que atravessa uma [nova] revolução industrial”, conclui.

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