A denúncia de abusos sexuais por parte de estrelas de Hollywood contra o produtor de cinema Harvey Weinstein abriu uma verdadeira caixa de Pandora quer a nível nacional, quer a nível internacional. As dezenas de estrelas que vieram a terreiro contar as histórias de assédio de que foram vítimas impulsionaram milhares de mulheres no mundo a tornar públicos episódios difíceis.

O que as ligava a todas? Um segredo e um hastag #metoo

Em menos de uma semana, também o argumentista e realizador norte-americano James Tobak se torna no centro de todas as atenções. É que o número de alegadas vítimas de assédio sexual passou de 38 para mais de 300 neste curto período e na sequência de uma reportagem publicada no Los Angeles Times.
O autor da reportagem, Glenn Whipp, anunciou na sua conta na rede social Twitter que o número de mulheres que o contactaram para contarem a sua experiência “subiu para 310”. Entre as vítimas estão as atrizes Selma Blair, Rachel McAdams e Julliane Moore.

O argumentista e realizador, de 72 anos, negou as acusações, em declarações ao jornal, dizendo que nunca conheceu nenhuma das mulheres que o acusam ou que se contactou com elas “foi durante cinco minutos” e não se recorda.

As denúncias chegam à política

Nos EUA, quatro senadoras democratas vieram a terreiro revelar que também sofreram abusos por parte de homens. Falamos de Elizabeth Warren, Claire McCaskill, Heidi Heitkamp e Mazie Hirono.

Agora, foi a vez da congressista democrata Jackie Speier – também ela vítima de abuso por parte de um chefe enquanto trabalhava no Capitólio – pedir para que as mulheres se juntassem ao movimento.

Veja o vídeo acima e conheça a história de Speier.

Relatando o caso que vivera, a democrata quis relevar o papel da hierarquia e a forma como ela se manifesta sobre o sexo feminino.

Mulher diz que mulheres que acusaram Trump mentiram!

O presidente dos EUA também já não passa em claro. Afinal, foram algumas as mulheres que, durante a campanha presidencial, se declararem vítimas de agressão sexual por parte de Donald Trump.

E foi uma mulher – a porta-voz da Casa Branca – que veio dizer, em conferência de imprensa, que as outras não disseram a verdade. Questionada pela CBS se todas aquelas mulheres mentiram, Sarah Huckabee Sanders reagiu: “Sim, fomos claros desde o início e o presidente já falou sobre o assunto”.

Resposta que está, por exemplo, muito longe de convencer a atriz Jane Fonda ou a ativista Gloria Steinem, ambas fundadoras da organização Women’s Media Center. A primeira descreveu mesmo o presidente dos EUA como “predador” e lembrando que ele é “um agressor sexual confesso”.

Raça e fama: os fatores que podem ter decidido a polémica

As ativistas vincam também que se as mulheres não fossem brancas nem famosas, o caso de Weinstein não tinha atingido estas proporções. É que, para lá do produtor de cinema de Hollywood, há acusações formais nos EUA contra o apresentador Bill O’Reilly, empresário de televisão Roger Ailes e o humorista Bill Cosby.

“É muito mau porque tal pode provavelmente dever-se ao facto de muitas mulheres assediadas e agredidas por Weinstein serem famosas, brancas e toda a gente as conhecer. Mas esta é uma realidade que há muito atinge as mulheres negras e outras e os processos nunca decorrem da mesma forma”, considerou Fonda no programa do MSNBC. Para a atriz, em entrevista ao mesmo canal, “o caso promoveu de tal forma a diferença de que as mulheres estão a tomar o pulso à situação. Felizmente, provocou o efeito domino, afetando outras indústrias”.

Imagem de destaque: Shutterstock