EUA: Julia Roberts lembra que mulheres casadas não têm de dizer aos maridos em quem votam

COMBO-US-VOTE-POLITICS-HARRIS-TRUMP
Donald Trump e Kamala Harris [Fotografia: KAMIL KRZACZYNSKI e ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP]

O candidato republicano Donald Trump já veio mostrar-se “dececionado” com o que Julia Roberts, atriz e rainha das célebres rom-coms (comédias românticas) veio fazer ao voto subordinado ao amor conjugal.

A estrela de Hollywood deu voz a um anúncio da campanha em nome da democrata Kamala Harris no qual lembra que o voto é secreto e que, por isso, as mulheres não devem votar por obediência aos maridos, mas antes pelo que elas defendem e querem para elas e para os seus corpos.

Julia Roberts promove casas de banho sem género em escolas básicas [Fotografia: Instagram]
Julia Roberts promove casas de banho sem género em escolas básicas [Fotografia: Instagram]

O anúncio, cuja campanha por ver abaixo no original, mostra uma mulher na cabine de voto a colocar a cruz na candidatura de Kamala Harris, embora o marido, nas imagens, pareça ser um apoiante de Trump. Este, quando a mulher sai da cabine de voto, pergunta: “Querida, fizeste a escolha?” “Claro que sim, querido”, responde a mulher, trocando olhares de cumplicidade com outra eleitora que terá feito escolha semelhante.

Um momento de campanha que culmina com Roberts a lembrar, como narradora, que “o que acontece na cabine de voto, fica na cabine de voto”, porque a escolha é secreta, recomendando o voto nos democratas Harris e Waltz

De acordo com os media norte-americanos, o anúncio foi criado pelo grupo evangélico progressista Vote Common Good, entidade que se apresenta como “escapatória” para eleitores evangélicos e católicos que “foram ensinados que, para serem fiéis, devem votar em candidatos republicanos, independentemente do caráter ou das posições políticas do candidato”.

Ora, esta divulgação pretende vincar junto das mulheres (numa eleição em que os direitos reprodutivos têm estado sob aceso debate) que os votos são prerrogativas delas, independentemente das escolhas dos parceiros. “No único lugar na América onde as mulheres ainda têm o direito de escolher, pode votar da maneira que quiser e ninguém nunca saberá”, acrescenta a narradora Julia Roberts.

Num novo apelo ao voto, publicado na conta de Instagram da atriz, o apoio a Kamala Harris volta a ser reforçado. Na mensagem que acompanha um vídeo em que são mostradas mulheres emblemáticas da história dos EUA, Roberts considera: “As nossas crianças não estão apenas a olhar para nós, elas contam connosco”, escreveu a atriz.

 

Ver esta publicação no Instagram

 

Uma publicação partilhada por Julia Roberts (@juliaroberts)

O candidato republicano já veio a terreiro dizer-se “dececionado” com a atriz. Para Trump, em entrevista ao conversa na emissão Fox & Friends, é quase inimaginável “uma mulher não contar ao marido em quem vai votar?”. Aliás, o republicano – que viu a mulher Melania Trump defender o direito ao aborto quando o próprio candidato se tem mostrado do lado oposto – considera mesmo que se uma mulher “tivesse um relacionamento horrível”, ela iria “contar ao marido”. É uma coisa ridícula. Tão estúpido”, concluiu.

As eleições presidenciais para a Casa Branca têm lugar esta terça-feira, 5 de novembro. Até à véspera, cerca de 78 milhões de norte-americanos tinham votado antecipadamente, o que representa quase 1/3 dos eleitores totais (são esperados cerca de 160 milhões de votantes esta terça-feira, 5 de novembro) para um dos sufrágios mais disputados e com as sondagens a revelarem empates técnicos entre democratas e republicanos.

A campanha encerrou esta noite de segunda, 4 de novembro, madrugada em Portugal, com os dois candidatos – Kamala e Trump – na derradeira luta por um dos estados mais cobiçados e valiosos: Pensilvânia, no qual estiveram várias vezes nas últimas semanas. Uma jornada acesa que conheceu uma reviravolta de candidato democrata a menos de quatro meses do sufrágio, duas tentativas de assassinato (Pensilvânia e Florida), uma condenação por crime grave para o ex-presidente republicano Trump e dois debates marcantes para a história política nacional e internacional. Desde março (em oito meses), segundo contas da agência de análise AdImpact, foram gastos 2,6 mil milhões de dólares (2,4 mil milhões de euros) para persuadir eleitores a votar num dos dois partidos.