EUA: O guarda-roupa da primeira dama Jill Biden e a quebra da tradição de Melania

Qualquer palco mediático é um bom palco, mas o do poder é bem melhor. A tomada de posse do presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, que terá lugar esta quarta-feira, 20 de janeiro, a partir das 16.00 horas [hora portuguesa] é uma cerimónia cheia de significado para os quatro anos que se seguem e os olhares não estão apenas nos eleitos.

A futura primeira-dama Jill Biden e, neste caso, a vice-presidente eleita Kamala Harris vão ser escrutinadas à minúcia, com todas as suas opções de moda a terem leituras mundo fora.

Afinal, quem não se recorda da mensagem de Michelle Obama quando escolheu usar peças de uma designer cubana, naturalizada norte-americana, Isabel Toledo?

E como não recordar o protesto de parte dos estilistas – entre eles Tom Ford – que anunciaram que não vestiriam Melania Trump devido às posições do então presidente eleito, Dondal Trump? Mas a escolha de estilo desta a fazer lembrar uma das mais mais icónicas e glamorosas primeiras-damas norte-americanas, Jackie Kennedy, foi cirúrgica. Ou o tom champanhe que optou usar ainda nessa noite no baile inaugural, desenhado por um criador francês, que tinha saído da direção criativa de Carolina Herrera (uma das preferidas de Kamala Harris)?

Jill e Kamala não querem mensagem da moda. Mas escapam?

A tomada de posse é já esta quarta-feira, 20 de janeiro, em Washginton, numa cidade completamente sitiada Discreta, Jill tem sempre marcado pelos apontamentos de moda carregados de mensagem. Já a vice-presidente Kamala Harris apresenta-se sempre cheia de camadas: de branco pelas sufragistas e pela diversidade, em noite de vitória eleitoral, ou simplesmente de ténis e blasers listados como na polémica capa da edição norte-americana da revista Vogue.

Agora, a equipa de ambos terá reafirmado que não queriam veicular qualquer missiva através do guada-roupa, sobretudo porque esse papel poderia ser interpretado por Lady Gaga – que vai interpretar o hino – ou por Jennifer Lopez.

Será, porém, difícil de escapar. Ralph Lauren tem sido a marca favorita de Jill Biden, embora a imprensa creia que a opção possa recair sobre outra etiqueta de designer- Tanto Kamala como Jill, têm eleito marcas como Carolina Herrera, Gabriela Hearst, Oscar de la Renta, Brandon Maxwell Christian Siriano, Prabal Gurung e LaQuan Smith.

Em ano em que não se espera baile inaugural – da pandemia à crise, tudo mudou com estes dois fatores – a moda terá mesmo de continuar a ser tema, não só porque a vice-presidente já assumiu esse papel e essa influência sobre as mulheres, como é um setor verdadeiramente em crise e no qual as mulheres ocupam, como trabalhadoras, um papel central.

A tomada de posse de Joe Biden deve contar com a presença dos ex-presidentes Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama, que, juntamente com as suas mulheres, irão mais tarde acompanhar o novo presidente dos Estados Unidos e depositar uma coroa de flores junto ao túmulo do soldado desconhecido.

A violação da tradição de Melania

A primeira-dama dos Estados Unidos, Melania Trump, quebrou uma tradição ao não convidar a sua sucessora, Jill Biden, mulher do presidente eleito, Joe Biden, para uma visita privada à Casa Branca antes da transferência de poder. “Melania Trump será a primeira primeira-dama moderna a não convidar a mulher que a substituirá na Casa Branca para um ’tour’ pelos quartos privados no segundo e terceiro andares“, revela um artigo divulgado pelo canal CNN.

A reportagem realça ainda que esta situação rompe com uma tradição que remonta ao encontro entre Bess Truman, mulher de Harry S. Truman (1945-1953), e Mamie Eisenhower, mulher de Dwight David Eisenhower (1953-1961).

Este ritual foi mantido e teve um momento de destaque por Laura Bush, cujas filhas, Jenna e Barbara Bush, mostraram a Sasha e Malia Obama “como deslizar pelo parapeito da residência” presidencial. Michelle Obama também convidou Melania Trump, seguindo a atuação que é considerada uma tradição não imposta entre as primeiras-damas.

“Talvez não seja surpreendente que Melania Trump tenha desprezado esta norma social. Todos os presidentes de um mandato – e as suas esposas — sentiram a dor da derrota, mas ao contrário do seu marido, nenhum deles se recusou a aceitar os resultados eleitorais”, apontou Kate Andersen Brower, autora de três livros sobre os meandros da Casa Branca, num artigo de opinião.

Brower menciona que, embora Betty Ford tenha ficado furiosa quando seu marido, Gerald Ford, perdeu a presidência em 1976, ela deu as boas-vindas à sua sucessora, Rosalynn Carter, apesar de ainda ter cancelado por duas vezes o encontro.

Michelle Obama foi convidada duas vezes

Por outro lado, a escritora destaca a transição dos ‘Bushes’ para os Obama como uma das “mais suaves da história moderna”. Laura Bush, como primeira-dama cessante, convidou Michelle Obama para ir à Casa Branca duas vezes: uma a sós e outra com as filhas.

A esposa de George W. Bush (2001-2009) incluiu como primeira paragem no passeio pela residência presidencial os quartos que considerava serem os mais desejados por Sasha e Malia, então com 7 e 10 anos, segundo revelou uma reportagem.