O próximo Salvador Sobral é feminista

Amaia e Alfred vão representar Espanha no Festival Eurovisão da Canção com o tema ‘Tu canción’ e têm francas possibilidades de ganhar, se a referência para 2018 for o vencedor da edição de 2017. A comparação com Salvador Sobral é inevitável, tanto pela simplicidade da melodia espanhola (sobretudo no início) como pela interpretação do rapaz deste dueto, que em palco parece amoroso, que não se coíbe de fazer interjeições não melódicas e esgares pouco habituais.

Mas há mais em Alfred para que se gere uma onda de interesse em seu redor, como a que fez em torno de Sobral. Alfred sabe como fazer bom marketing e na edição especial da Operação Triunfo espanhola que elegeu os cantores para a Eurovisão isso ficou bem claro. Na sua interpretação a solo de ‘Que nos sigan las luces’, canção que também estava a concurso, envergou um fato completo que chamou a atenção por ter desenhado uma mama em cada lado do blazer e uma vagina na zona da braguilha.

“Estou a chamar a atenção para uma causa muito nobre: o feminismo. É uma mensagem importante para a causa Sou Feminista. O projeto chama-se ‘A mulher que tenho por fora’. Eu sou feminista”, disse o cantor antes da sua atuação a solo.

A mulher que tenho por fora

Ernesto Artillo é o autor do projeto artístico e feminista ‘La mujer que llevo fuera’ (A mulher que uso fora’) que recebeu esta segunda-feira a atenção de todos os espanhóis. Lançado na semana anterior, o manifesto defende que o machismo não está no fato que se usa mas nas ações de quem o possa usar. E é aí que deve ser feita a intervenção. O artista malaguenho tem, de resto, ocupado parte importante da sua criação artística com as problemáticas das mulheres de hoje – ‘A mulher em Obras’ é uma dessas peças onde está plasmada a questão da condição feminina atual da mulher, com os seus sapatos de salto alto, os seus fatos completos, a imagem a ser apagada.

O projeto ‘La mujer que llevo fuera’ conta com 28 fatos completos, de várias cores, todos com desenhos que representam o corpo da mulher. A ideia do artista é vender os fatos e com esse valor beneficiar a causa feminista. Explica o artista visual ao site Vein que “A sociedade pode ser tão machista com a linguagem que temos mais interiorizado o conceito “a mulher que pode ter um homem escondido no seu interior”, do que as mulheres que todos deveríamos ter por fora”, mais à superfície.