Ex-vencedora da Eurovisão refugia-se na Roménia, ex-Miss Ucrânia na frente de batalha

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[Fotografia: Instagram/Jamala]

“Quando estranhos chegam, vêm à sua casa, matam-vos a todos e dizem nós não somos culpados… Onde está sua mente? A humanidade chora (…) Toda a gente morre, não engulam a minha alma, as nossas almas”. Era assim que começava a música de Jamala. Tema intitulado 1994 e que lhe deu a vitória no festival da Eurovisão em 2016.

Agora, a cantora que levou o certame a Kvyv no ano seguinte está agora a fugir de um conflito em nada diferente daquele que cantou no Festival. Um evento cuja organização afirmou, primeiro, que não iria excluir a Rússia na edição de 2022 na sequência da invasão da Ucrânia, mas que depois recuava na decisão.

 

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A cantora, de 38 anos, estava a tentar deixar o território ucraniano há vários dias, desde o início da ofensiva russa, a 24 de fevereiro. Com ela, levou os filhos, um deles de três anos, e o marido. Relatou as longas horas e dias de viagem até conseguir atravessar a fronteira, as dificuldades, a falta de alimentos. A cantora tem vindo a usar a conta da sua rede social para mostrar imagens de destruição e vítimas na capital e no território ucraniano.

Jamala
[Fotografia: Instagram/Jamala]

“O marido dela levou-a ate a fronteira com a Roménia. Depois, ela teve de andar com os filhos a pé. Ela já conseguiu sair com as crianças”, conta ao delas.pt uma ucraniana residente em Portugal que tem seguido o percurso de Jamala ao detalhe.

Recorde-se que a artista é uma das mais de 422 mil pessoas que já fugiram o país, às quais se somam mais de 100 mil deslocados internos pelo conflito, informou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), esta segunda-feira, 28 de fevereiro.

A Polónia, a Hungria, a Moldávia e a Roménia são atualmente os principais destinos deste fluxo de refugiados, segundo avançou o ACNUR na sua conta na rede social Twitter.

Tanto o ACNUR como o Governo ucraniano alertaram, na semana passada, para a possibilidade de o número de refugiados poder subir até cinco milhões de pessoas, ou seja, quase um décimo da população da Ucrânia. Desde o início dos ataques russos, na passada quinta-feira, o alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, tem pedido aos países vizinhos da Ucrânia que “mantenham as suas fronteiras abertas para aqueles que procuram segurança e proteção”.

A porta-voz do ACNUR no Reino Unido, Laura Padoan, indicou, numa declaração também divulgada no Twitter, que a agência da ONU está a verificar informações de que há ucranianos a serem impedidos de embarcar em comboios para fugir da ofensiva russa.

Segundo o Governo ucraniano, desde o início da crise na Crimeia e em Donbass, em 2014, já foram registados 1,5 milhões de deslocados internos no país.

A ex-miss Ucrânia 2015 Anastasiia Lenna fotografou-se a pegar em armas e a anunciar que iria travar esta batalha no terreno.

 

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A partir de Kviv, capital, anunciou, numa história da rede social Instagram, que “todos aqueles que cruzarem as fronteiras da Ucrânia com intenção de invadir serão mortos!” A modelo, de 31 anos, mostrou-se fardada e de arma na mão a apelar união de todos os cidadãos. Recorde-se que Anastasiia Lenna, tradutora e fluente em cinco línguas, tinha já estado no exército antes de ser uma estrela da moda.