“Existe uma associação entre menopausa tardia e aumento de risco de cancro da mama e ovários”

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[Fotografia: Pexels/Sora Shimazaki]

Se os fatores ambientais podem estar a fazer com que mulheres mais novas tenham cada vez mais cancros, existem também riscos aumentados da doença devido à menopausa, mas não por causa dela. A análise é feita pela médica internista Minnie Freudenthal, que se tem também especializado nesta fase da vida da mulher.

Para a especialista, é importante vincar que “não podemos dizer que a menopausa cause cancros”. Porém, assinala que “existe uma associação entre menopausa tardia e aumento de risco de cancro da mama e ovários”.

Minnie Freudenthal [Fotografia: Minnie Freudenthal.pt]

“O aumento de incidência de cancros em idades mais jovens está ligado a fatores ambientais como o tipo de alimentação, níveis de stress elevado, vida sedentária, poucas horas de sono e exposição a xenoestrogénios (químicos cujas moléculas são semelhantes aos estrogénios) que podem causar alterações na regulação hormonal”, prossegue.

Por isso, a solução passa por estar atenta e vigilante a “rotinas de prevenção e deteção precoce de diferentes tipos de cancros, mais frequentes à medida que os anos passam”. Em declarações por escrito à Delas.pt, Minnie Freudenthal lembra que estes cuidados não podem ser interrompidos depois do fim da fase reprodutiva das mulheres. Pelo contrário: “após a menopausa a manutenção da saúde exige cada vez mais do nosso tempo e a sociedade deveria contemplar esta necessidade. Embora a genética seja um fator importante os bons hábitos são da responsabilidade de cada mulher e devem ser valorizados pela sociedade”.

O estudo recente Menopausa: Como é vivida pelas mulheres em Portugal – apresentado em junho deste ano e que auscultou “mil mulheres entre os 45 e os 60 anos”- revelou que mais de metade (56%) das mulheres sentem os primeiros sinais antes dos 50 anos, com uma em cada quatro a começar a ter sintomas antes dos 46 anos. Para a maioria, os sintomas duram até dois anos e 34% das mulheres em plena menopausa consideram-nos intensos ou muito intensos”.

Para lá da prevalência dos sintomas, a investigação apontou ainda para uma enorme preponderância da desinformação. Mais e oito em cada dez inquiridas (81%) assumiram não saber distinguir bem a menopausa da perimenopausa. “Devido a esta falta de conhecimento, 52% das mulheres sentem-se pouco ou nada preparadas e 61% das mulheres em perimenopausa não planeiam tomar medidas preventivas antes dos primeiros sintomas”, lia-se na mesma nota sobre o estudo.

Sobre a saúde mental, quase 1/3 dizia estar pouco ou nada saudável, e, na intimidade, quase metade (46%) “das mulheres em plena menopausa ou pós-menopausa com parceiro(a) reconhecia efeitos negativos na vida sexual, e 37% refere a perda de libido como um dos principais fatores que contribuiam para uma vida sexual menos satisfatória”.