Em festivais que duram uma semana reforçar a higiene é o refrão

As casas de banho sujas? Os duches alagados? Quem nunca reparou neste tipo de problemas num festival de verão é porque nunca esteve muito atento. Ou muito sóbrio…

Mas, então, também é preciso perguntar como cada um deixou a casa de banho depois de se ter servido dela, quantos metros deixou de percorrer para pôr uma garrafinha vazia no lixo ou quantos minutos a mais esteve debaixo de água – mesmo sendo fria.

As regras de higiene mais simples são também as mais eficazes para que um festival corra bem quer para cada um, quer para o grupo. Um conjunto de práticas que começa num plano individual e que chega a um plano mais abrangente e estrutural, assegurado pelas organizações promotoras dos eventos. Mas não só, tudo é verificado e tem de passar pelo crivo de várias autoridades nacionais.

“Nas vésperas e durante os festivais, as autoridades de Saúde Pública, a Proteção Civil, os Bombeiros e a GNR fazem vistorias conjuntas que passam por visitar os espaços de restauração, tasquinhas, refeitórios, segurança mas também casas de banho e condições de higiene sanitárias”, explicou, ao Delas.pt, Fernanda Santos, Delegada de Saúde Coordenadora do Litoral Alentejano, que acompanha, entre outros festivais, o MEO Sudoeste, a decorrer entre 6 e 10 de agosto, na Zambujeira do Mar.

O festival do litoral alentejano, que todos os anos atrai milhares de jovens à Herdade da Casa Branca é um dos que tem maior duração, no roteiro dos festivais de música de verão. Daí que, se a opção recair pelo campismo, seja necessário um reforço extra nos cuidados de higiene.

Fernanda Santos, a par do presidente da Associação Portuguesa de Festivais de Música (Aporfest), Ricardo Bramão, traçaram 12 medidas simples – e que pode conhecer na galeria acima – e explicaram o processo que antecede e vigora durante um certame desta natureza. Passos que têm por objetivo garantir que tudo corre pelo melhor.

“Portugueses são dos públicos mais cuidadosos”

A frase é de Ricardo Bramão, que considera que o público nacional até nem é dos mais incumpridores em matéria de regras de higiene, quando comparados com outros em festivais internacionais e que conhece. “Os portugueses são dos púbicos mais cuidadosos, estamos muito mais educados neste aspeto”, avalia.

Por isso, “todos os cuidados que aprendemos desde pequenos são os mesmos que devem ser aplicados em circunstâncias como estas: se estou fora de casa vários dias, tenho de ter muito mais cuidado com banhos e com a alimentação, com o contacto com outras pessoas, o que passa pelo comportamento”, alerta.

O presidente e fundador da Aporfest faz questão de ressalvar que “há cuidados que podem fazer todo o sentido em festivais com campismo, mas se calhar não fazem sentido em festivais urbanos. Portanto, é preciso relativizar”.

No entanto, vinca que “quantos mais dias passam, maiores são as probabilidades de existir algum problema” em certames desta dimensão.

As medidas de prevenção começam muito antes da abertura das portas dos recintos. “Fazemos vistorias para todos os festivais que decorrem no Litoral Alentejano”, refere Fernanda Santos.

Também na restauração há regras apertadas. “A cerca de 15 dias de cada festival, damos formação aos manuseadores de alimentos, que, no caso do Festival Músicas do Mundo [FMM] de Sines, assinam um protocolo com a câmara em como se comprometem a cumprir as regras de higiene alimentar e segurança requeridas”, explica Fernanda Santos.

Em matéria de saúde, a responsável revela que as opções para festivais mais urbanos, como FMM, que se realizou em julho, são diferentes das da Zambujeira do Mar, embora todas estejam devidamente integradas com as autoridades de saúde de emergência locais e regionais. Enquanto, no caso do MEO Sudoeste, a diretora conta que há serviços médicos de base que o próprio promotor do evento tem de assegurar.

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