Facebook: Zuckerberg justifica-se no Congresso americano, Sheryl Sandberg presta contas a Bruxelas

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O fundador do Facebook Mark Zuckerberg começa, esta terça -feira, 10 de abril, a prestar esclarecimentos no Congresso dos Estados Unidos sobre o escândalo que envolve a obtenção de dados de utilizadores da rede social pela consultora Cambridge Analytica.

Inicialmente foi avançado que o número de utilizadores afetado rondava os 50 milhões. Dias mais tarde, o Facebook admitiu que o número ascendia aos 87 milhões de utilizadores.

Na sexta-feira passada, 6 de abril, um porta-voz Comissão Europeia afirmou ter tido indicações do Facebook que dados de “até 2,7 milhões” de utilizadores daquela rede social a residir na União Europeia poderiam ter sido transmitidos de “maneira inapropriada” à empresa britânica Cambridge Analytica. Em Portugal, o número de utilizadores afetados poderá rondar os 63.080.

Sobre a fuga dos dados dos utilizadores europeus deverá ser a COO do Facebook, Sheryl Sandberg, a prestar contas.

A “número 2” da empresa deverá falar esta semana com a comissária europeia da Justiça, Vera Jourova, numa conversa telefónica, segundo adiantou a mesma fonte da Comissão Europeia. Apesar de o Facebook ter garantido que já tomou as medidas necessárias para prevenir outros casos do género, a Comissão afirma que vai “estudar em detalhe” a resposta da rede social e afirmou que o tema não está esgotado, o que justifica a conversa direta com Sheryl Sandberg.

Até porque na passada quinta-feira, 5 de abril, a COO do Facebook admitiu, em entrevista ao programa Today do canal NBC, que a rede social sabia que a Cambridge Analytica tinha acesso aos dados dos seus utilizadores há dois anos e meio, mas que não fez o suficiente para evitar a sua manipulação, nomeadamente garantir que os dados tinham sido eliminados.

“Podíamos ter feito isso há dois anos e meio. Pensámos que os dados tinham sido apagados e devíamos ter verificado”, admitiu à jornalista Savannah Guthrie, justificando que o Facebook não fez essa verificação, assim que soube do uso dos dados, porque confiou nas garantias dadas pela Cambridge Analytica. “Nós tivemos garantias legais de que eles tinham apagado os dados”, afirmou, sem no entanto revelar quais, mas admitindo que o Facebook não tomou todos procedimentos necessários. “Não demos foi o passo seguinte, ou seja uma auditoria e é isso que estamos a tentar fazer agora”, finalizou.

O Facebook tem estado no centro de uma polémica internacional associada com a empresa Cambridge Analytica, desde que foi denunciado que esta usou dados de milhões de utilizadores daquela rede social, alegadamente sem o seu consentimento, para elaborar um programa informático destinado a influenciar o voto dos eleitores, nomeadamente nas últimas eleições presidenciais norte-americanas, que ditaram a nomeação de Donald Trump para a Casa Branca, e no referendo sobre o ‘Brexit’ (processo de saída do Reino Unido da União Europeia).

Na véspera do início destas audições de Mark Zuckerberg no Congresso norte-americano, as agências internacionais citaram um texto no qual o CEO do Facebook assume que foi um “erro pessoal” não ter feito o suficiente para combater os abusos que afetaram a rede social, lançada em 2004.

“Não fizemos o suficiente para impedir que estas ferramentas fossem mal utilizadas (…). Não tomámos uma medida suficientemente grande perante as nossas responsabilidades e foi um grande erro. Foi um erro meu e peço desculpa”, segundo o texto que Zuckerberg irá transmitir ao Congresso, citado pelas agências internacionais.

Entretanto a associação portuguesa de defesa do consumidor Deco e congéneres da Bélgica, Espanha, Itália e Brasil, reúnem-se amanhã, quarta-feira, com responsáveis do Facebook numa tentativa de encontrar compromissos de proteção dos dados pessoais para os consumidores.

Ana Tomás com Lusa

Imagem de destaque: Reuters

“Sobreviverá” Sheryl Sandberg ao escândalo do Facebook?