“Desenhei mais de 100 modelos porque, para cada departamento, apresentei muitas propostas. A título de exemplo, só para a receção foram escolhidos dez modelos”. Os números são dados ao Delas.pt pela própria criadora madeirense Fátima Lopes e para apresentar a nova coleção de fardas que concebeu para o hotel Savoy Palace, no Funchal. Uma unidade hoteleira que está em soft opening e que será formalmente inaugurada em outubro próximo.
Porém, a designer recusa falar, de forma estrita, em fardamento. “Não são fardas ou uniformes, trata-se de uma coleção de moda feita em exclusivo para o Savoy”, reitera, enumerando os princípios a que as suas novas propostas teriam de responder: “design, conforto e resistência de materiais.”
Acessórios e peças 100% feitas em Portugal
No cardápio de peças surgem propostas para todos os espaços da unidade hoteleira – da receção ao serviço de quartos, da cozinha aos SPAs e jardins – mas também coordenados para “dia e noite”, explica a estilista. “O pessoal dos vários restaurantes e bares do hotel, das piscinas, dos jardins e da manutenção estão 100% vestidos Fátima Lopes e têm uma farda pensada e desenhada para eles. Estamos a falar de milhares de peças”, explica a criadora, que recusou incluir básicos nestes coordenados. “Não há um polo ou uma camisa básica nesta coleção, todas as peças têm detalhes de design”, reitera.
“Não há um polo ou uma camisa básica nesta coleção, todas as peças têm detalhes de design”, diz a estilista madeirense
“Há muitos acessórios, há chapéus, suspensórios, gravatas, lencinhos. Cada outfit é composto por vária peças. A receção vai do super-chique ao super-cool, com aposta em cores como o rosa velho e as tonalidades cinza”, especifica.
Os tecidos, garante Fátima Lopes, “foram feitos em exclusivo para o hotel” e todas as propostas confecionadas em território nacional. “Alguns materiais não são portugueses, mas todas as peças foram 100% feitas em Portugal, em muitas fábricas diferentes e de várias regiões”, revela. Coordenados que foram depois personalizados, arranjados e adaptados aos trabalhadores do hotel num ateliê criado especialmente para o efeito na Madeira e com “pessoal Fátima Lopes e algumas pessoas da Madeira”.
Este é um projeto que é apresentado agora e que decorre de um convite que começou no início deste ano. “Aceitei este desafio com muito gosto porque, primeiro, o Savoy faz parte das minhas referências de sempre; segundo, foi-me dada total liberdade para criar o que para mim, como criadora de moda, é sempre aliciante”, justifica.
A inspiração decorreu do “próprio ADN do hotel” e após “estudo da arquitetura e decoração”, cuja linha mestra passou por apostar na homenagem à Madeira, evocando a floresta laurissilva, as grutas e os próprios bordados característicos da ilha. “Procurei criar uma sinergia entre o espaço físico e decoração, integrando as propostas que criei para os funcionários. Apesar de as roupas valerem por si e terem identidade própria, elas combinam com o ambiente em que estão inseridas”.
Os próximos desafios e a amizade com Joe Berardo
O Savoy Palace não é o primeiro projeto desta natureza nas mãos de Fátima Lopes. A madeirense já tinha assinado os fardamentos do Hotel Conrad e prepara-se, agora, para nova empreitada de reestruturação dessas propostas. “Vamos fazer tudo, de novo, ainda este ano. Já lá vão seis anos e está na altura de uma remodelação”, anuncia a designer.
Um trabalho que corre em paralelo com a criação da nova coleção de calçado para Milão, em Itália, e da de moda no regresso a Paris, França, em setembro próximo.
“Os meus amigos são amigos da vida e para a vida, e ele [Joe Berardo] é um deles. Será uma amizade eterna”, diz Fátima Lopes
Amiga e empresária próxima de Joe Berardo, Fátima Lopes distancia-se das polémicas que têm envolvido o madeirense e a fundação homónima que ele lidera e no âmbito do inquérito parlamentar em torno da Caixa Geral de Depósitos. “Não falo muito sobre os outros. Costumo dizer que os meus amigos são amigos da vida e para a vida, e ele é um deles. Será uma amizade eterna”, repete a criadora.
Recorde-se que a primeira empresa que a designer madeirense criou contou com Berardo na sua constituição. A Fátima Lopes Lda viria a ficar insolvente em 2015. “Os amigos são aqueles que estão presentes para os momentos bons e para os maus. Estou aqui, mas esta não é uma situação que faça sequer algum sentido comentar, nem com ele, nem com ninguém”, conclui.
Imagem de destaque: Divulgação/Fátima Lopes
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