Plataforma de encontros portuguesa cria opção para quem está vacinado contra covid-19

Felizes.pt
[Fotografia: DR]

“Tu estás livre e e eu estou livre. E há uma noite para passar. Porque não vamos unidos. Porque não vamos ficar na aventura dos sentidos”. Lembra-se da Canção do Engate de António Variações? Talvez a pandemia reescreva este êxito, apesar de a métrica ser a questão mais difícil de resolver neste campo, substituindo a palavra ‘livre’ por ‘vacinado’.

A verdade é que “muito em breve” os mais de 290 mil utilizadores da plataforma de encontros portuguesa Felizes.pt – dos quais 49,7% mulheers – podem vir a comunicar, nos seus perfis, se estão ou não vacinados contra a covid-19 e, a partir daí, estabelecerem os seus ‘matches’ e marcarem encontros, jantares e dates.

“O Felizes.pt está neste momento a criar uma funcionalidade que possa promover e comunicar a vacinação contra a covid-19”, confirma o fundador da plataforma ao Delas.pt. Rui Sousa confirma que “os cuidados de higiene e segurança ganharam uma outra dimensão com a pandemia, e o certificado de vacinação ou a imunidade contra o vírus são temas importantes e, naturalmente, abordados nas conversas”.

A modalidade de funcionamento ainda não foi revelada, mas o prazo de operacionalização sim: “No princípio de julho”, como explica o fundador. Na verdade, o certificado digital entra em vigor já no primeiro dia do próximo mês, podendo ganhar nova vida neste tipo de serviços.

“Ao passar do virtual para o real, na marcação de um encontro de pessoas que apenas se conhecem através da plataforma, por exemplo, este aspeto tem de ser comunicado e, se possível, comprovado”, refere Rui Sousa.

Ao Delas.pt, a sexóloga Tânia Graça pede que, com ou sem comprovativos de vacinação contra a covid-19 disponíveis nos perfis das múltiplas plataformas de encontros, “poderíamos aproveitar este embalo de pedir para ver o certificado e normalizar também o pedido para ter acesso às últimas análises às Infeções Sexualmente Transmissíveis feitas pelas e pelos parceiros sexuais, coisa que é vista ainda com grande tabu e que faz apenas parte da construção de uma boa saúde sexual”.

Olhando ainda para a possibilidade de a vacinação ser elemento identificativo em quem recorre a estas plataformas, Tânia Graça lembra que “teremos sempre pessoas mais cautelosas e outras mais inconsequentes em todas as áreas da vida, o que se refletirá também na forma como vivem os relacionamentos e a sexualidade”.

A especialista crê que haja quem venha a pedir o certificado “para avançar para um date presencial ou algum envolvimento”, mas há sempre o outro lado. “Não me parece que se tornará critério eliminatório para muita gente”. “Tendo em conta o quase ano e meio de privação de contactos sociais que levamos já, em que o ‘desespero’ para voltar à vida e relações normais, já começa a bater à porta de muitas nós”, analisa Tânia Graça.