Nove moedas numa carteira da princesa Sofia. É aqui que Leonor, de seis anos, guarda a semanada oferecida pelos pais todas as sextas-feiras: um euro. O pedido, feito pela professora do colégio, tem como objetivo ensinar às crianças o valor do dinheiro. A menina já comprou um jogo da Science4you com o que juntou. E agora quer guardar o resto para guloseimas e ir ao cinema.
De acordo com a Associação de Instituições de Crédito Especializado (ASFAC) é importante atribuir uma semanada às crianças desde cedo, entre os seis e os sete anos – para aprenderem o valor do dinheiro e fazerem escolhas sobre o que realmente querem comprar. É também nesta altura que aprendem as bases do cálculo e começam a ter noção dos diferentes tipos de moedas.
Por outro lado, a mesada deve ser oferecida mais tarde: a partir dos 10-11 anos, altura em que as crianças pedem mais dinheiro aos pais. Nesta fase, é normal que o valor não chegue e o orçamento derrape. Neale Godfrey, autora de “Money Doesn’t Grow on Trees” (“O Dinheiro Não Nasce em Árvores”) e outros livros sobre crianças, explica: “Uma das grandes lições é estabelecer uma diferença entre necessidades e desejos. E a principal lição que se deve ensinar aos filhos é a de que os recursos são finitos”.
Se vai dar semanada saiba que…
Idade ideal. Entre os seis e os sete anos. É nesta altura que as crianças começam a ter a noção do valor do dinheiro e a fazerem escolhas sobre o que realmente querem comprar.
Valor. Pode começar com um euro por semana. Há ainda quem sugira dois euros no 1º ano de semanada, 2,60 no segundo, três no terceiro e 4,50 no quinto.
Como incentivar. Neale Godfrey, a autora do livro “O Dinheiro Não Nasce em Árvores” sugere três mealheiros para as crianças: um para pôr a semanada, outro para juntar uma parte do dinheiro oferecido no aniversário ou no Natal (servirá para atingir um objetivo a médio prazo, por exemplo a compra de uma bicicleta) e o restante noutro mealheiro, que se destinará a concluir um objetivo de longo prazo: um curso ou a compra de um carro.
O que os pais devem fazer. A semanada não é uma brincadeira e os pais devem encarar o assunto de forma séria. A semanada não deve incluir tarefas que já fazem parte da rotina diária das crianças, como arrumar ou quarto ou estudar.
A evitar. Se prometeu dar uma semanada, marque um dia para o pagamento e não falhe.
Se vai dar mesada saiba que…
Idade ideal. Entre os dez e os 11 anos. As crianças já têm uma noção mais real do dinheiro e das coisas que querem comprar.
Valor. Não existe um valor certo, tudo depende do orçamento familiar ou se a criança tem mais irmãos e é preciso dividir os recursos financeiros. De qualquer forma, o montante não deverá ser muito alto. Uma criança ou adolescente com muito dinheiro pode optar por um consumismo excessivo, alerta a Associação de Instituições de Crédito Especializado. Já um valor irrisório pode fazer com que o seu filho não seja capaz de gerir corretamente o próprio dinheiro.
Como incentivar. A participação das crianças nas conversas sobre as despesas familiares é uma forma de entender o dinheiro como um recurso esgotável. Se o seu filho está a gerir bem o orçamento dê-lhe os parabéns! Caso contrário fale com ele e tente perceber o que aconteceu. Os especialistas avisam que nos primeiros tempos é muito difícil uma criança gerir sempre bem o dinheiro.
O que os pais devem fazer. Ensine a definir prioridades. Existe uma grande diferença entre o que queremos e o que precisamos. Não haja por impulso aos pedidos dos filhos.
A evitar. Nunca se deve dizer a uma criança ou a um adolescente “vai estudar ou não recebes mesada”. Lembre-se que o estudo é uma tarefa obrigatória. O mesmo se passa com a ajuda nas tarefas domésticas: fazer a cama, arrumar o quarto ou levantar a mesa não são “ajudas aos pais”.