Filipa Fonseca Silva: “É inevitável criar mulheres fortes para os meus livros”

Filipa Fonseca Silva

Há quatro anos Filipa Fonseca Silva tornou-se na primeira portuguesa a chegar ao top 100 de livros mais vendidos da Amazon, na categoria de ficção para mulheres, com a versão inglesa do livro Os 30 – Nada é como sonhámos. Este verão regressou com uma nova obra, Amanhece na Cidade, onde conta histórias de pessoas comuns que vivem em Lisboa e que bem podiam ser reais.

“Gostava de passar uma mensagem de tolerância. Tolerância para com os diferentes estilos de vida, diferentes opiniões. Penso que hoje em dia as pessoas são muito rápidas a julgar e muito lentas a prestar atenção ao que as rodeia e a ver para lá dos seus umbigos”, explica ao Delas.pt Filipa Fonseca Silva.

Os protagonistas do livro são Daisy, uma stripper, e Manuel, um taxista que corresponde a todos os estereótipos que esta profissão carrega: um homem com formação básica e ideias conservadoras que não suporta o facto de o filho dedicar a vida a ajudar refugiados.

Combater estereótipos

Apesar de a mulher que protagoniza este livro ser obrigada a levar uma vida considerada por muitos como pouco digna, devido às dificuldades económicas, Daisy é forte e determinada eacaba por ganhar o respeito de quem a rodeia. Inclusive das outras strippers com quem trabalha.

“Como feminista que sou é inevitável criar para os meus livros mulheres fortes e determinadas. Cresci com as heroínas da Isabel Allende, da Marion Zimmer Bradley, da Colleen McCullough e pretendo continuar a tradição de contar histórias onde as mulheres não sejam relegadas para segundo plano, como o são na vida real”, sublinha a escritora.

Outro dos estereótipos que a autora de Amanhece na Cidade pretende desmistificar está relacionado com os sem-abrigo. O taxista Manuel, tal como a maioria das pessoas, encara o sem-abrigo João como alguém perigoso. Já Daisy não julga o rapaz antes de o conhecer e, no final, até acaba por se apaixonar por ele.

“A indiferença com que as pessoas passam pelos sem-abrigo, como se fossem invisíveis, é algo que me aflige. São muito rápidas a julgar e não param para tentar perceber porque estão na rua. Claro que há muitos sem-abrigo que são toxicodependentes ou alcoólicos, mas também há doentes mentais, adolescentes que fogem de vidas difíceis, idosos abandonados e tantas outras situações que a maioria das pessoas não pondera“, acrescenta Filipa Fonseca Silva.

Ficha técnica do livro:

Amanhece na Cidade

Amanhece na Cidade, de Filipa Fonseca Silva. Bertrand Editora, 15,50 euros

Cátia Carmo

@catiaancarmo

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