Fim ao stress do Dia dos Namorados

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A ansiedade voltar a atacar casais apaixonados e quem não tem um relacionamento amoroso também tudo porque o Dia dos Namorados está à porta. Porque é que isto acontece e como sobreviver ao 14 de fevereiro? Reler ‘O Principezinho’ ajuda.

Dia dos Namorados ou Dia de São Valentim, a 14 de fevereiro celebra-se a união amorosa um pouco por todo o mundo. Trata-se de uma data especial que também é especial nos seus efeitos: ao aumento das vendas de perfumes, flores e outros presentes corresponde, muitas vezes, um aumento do mal-estar, da frustração de quem tem – e de quem não tem – uma relação amorosa. Se é o seu caso, saiba que não é a única.

Porque é que isso acontece? “Essencialmente porque se propõe um modelo idealizado e perfecionista que em nada corresponde ao real e ao ser humano. Há uma pressão social, cultural, individual, familiar de projeto sonhado e não realizado. Tal como não há famílias perfeitas, não existem relações amorosas perfeitas e esta realidade pode traduzir-se em frustração”, explica a psicóloga clínica Paula Peres Di Salvatore.

“Humano e perfeição não são associáveis na mesma frase. As pessoas são o que são e o seu bem-estar e felicidade vem de dentro em primeiro lugar, em absoluto”.

O Dia dos Namorados é uma criação do marketing para gerar lucro e, portanto, muito positivo para as empresas mas para os consumidores nem por isso:

“Não é de bens materiais que as relações se alimentam, antes daquilo que verdadeiramente se sente. São bens que vêm de dentro e isso não se compra numa loja. O que é autêntico mostra-se ao parceiro diariamente, com altos e baixos, como em todas as relações”.

O mesmo é válido para outras datas, desde o Natal, motivo de stress para a maioria das famílias, ao Dia dos Avós, por exemplo. E isto porque quem precisa de ser recordado de que, em determinada data, deve fazer algo especial para os avós e não o faz espontaneamente durante o resto do ano “não tem por eles uma relação de afeto profunda”. Da mesma forma, quem está enamorado não necessita de um dia para se lembrar do seu amor.

“É claro que as pessoas gostam de ser acarinhadas mas de forma constante, não porque há um ‘alerta’ na sociedade ou no Facebook”.

Oferecer um presente do Dia dos Namorados que serve sobretudo para assinalar a data acaba, portanto, por originar insatisfação, frustração ou até desilusões mais profundas. “Como todas as pressões sociais, pode trazer à tona o que já é difícil, ou frágil, ou sensível para a pessoa em causa” e transformar-se em tristeza, baixa autoestima, depressão ou levar ao isolamento, sintomas que surgem em muitas pessoas nestas ocasiões ditas especiais.

Para os solteiros a pressão é equivalente e o efeito também. Cada um deve celebrar-se a si próprio durante todo o ano. Quem não se sente bem consigo também não se sentirá a 14 de fevereiro, ou a 15, ou a 16…

Como sobreviver?

Paula Peres Di Salvatore considera que o bem-estar será maior tendo presente que:

  • O Dia dos Namorados é puro marketing e pode ser bom para a economia mas para as pessoas, internamente, muito pouco.
  • O que é bom e satisfatório vem de dentro de nós, não está à venda em centros comerciais.
  • É preciso implementar a mudança em nós que queremos ver na nossa própria vida e no mundo.
  • O que é importante é invisível aos olhos… Vale a pena reler ‘O Principezinho’, grande livro de Antoine de Saint-Exupéry.
  • Há que sentir com autenticidade e aproveitar a vida. Ser um bon vivant, literalmente!