Millennials: só querem amigos coloridos

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Nem compromissos, nem sexo ocasional. As raparigas de hoje mantêm-se longe do romantismo das relações prolongadas, mas também das aventuras de uma noite com um desconhecido. Atualmente, elas (e eles também) procuram sobretudo amigos coloridos, também conhecidos como amigos com benefícios, sex budys, enfim: amigos só amigos com quem, de vez em quando, praticam sexo.

Esta é a descoberta do estudo “Gender, Sexual Agency, and Friends with Benefits Relationships”, da Universidade Cal Poly, na Califórnia, EUA. Realizado por Jasna Jovanovice, do departamento de Psicologia e Desenvolvimento Infantil, e por Jean Calterone Williams, do departamento de Ciência Política, o estudo foi publicado na Revista Sexuality & Culture, em dezembro de 2017. Este género de relações não é novo, o que mudou, de acordo com o estudo, é a frequência com que as raparigas afirmam preferirem este tipo de relação às outras mais convencionais.

Depois de entrevistarem 96 universitários de ambos os sexos, os investigadores concluíram que ter amigos com benefícios é uma prática comum entre os jovens. “É só sexo! (e amizade)” poderia ser o slogan de muitas das relações da geração millennial, sem grandes diferenças de género. “Notavelmente, as mulheres são tão propensas a participar dessas relações como os homens”, pode ler-se no resumo da pesquisa. Se até agora o sexo ocasional e sem compromisso era visto como um ato masculino, as jovens dos anos 90 parecem estar a mudar isso.

O trabalho desenvolvido teve por base os temas empoderamento, controlo e segurança nas relações de amigos coloridos. Tendo os investigadores concluído que neste tipo de relacionamento, o sexo feminino sente-se mais confiante e com mais liberdade para explorar a sua sexualidade. Além disso, pode ser uma forma de determinar a agenda sexual, sobretudo para quem tem uma vida muito concorrida.

Disponíveis quando querem, as jovens adultas, nascidas nos anos 90, serão um reflexo de uma figura feminina mais independente e centrada nas suas próprias necessidades individuais?

Ultrapassar a barreira da amizade, sem entrar a pés juntos em território amoroso, parece ser fácil, pelo menos para a geração millennial, onde as linhas entre amizade, amor e sexo se encontram cada vez mais esbatidas.

Despreocupados, livres de compromissos sérios e de explicações, os jovens adultos de hoje em dia mantêm-se na Friend Zone (Zona do Amigo), mas mantêm a prática de relações sexuais. Realidade demonstrada também na Europa, através de um estudo realizado pelo site Dr. Ed – um consultório online.

Após inquirir mil britânicos e mil americanos, concluiu-se que mais de metade dos britânicos (57,9%) tiveram relações sexuais com amigos, ficando atrás dos americanos por uma pequena margem de 3,6% (61,5% admitiram tê-lo feito). Ultrapassar a barreira da amizade, sem entrar no território amoroso tradicional, parece ser fácil, pelo menos para a geração millennial, em que as linhas entre amizade, amor e sexo se encontram cada vez mais esbatidas.

Prós e contras dos amigos coloridos

Será assim tão benéfico dar mais cor a uma amizade a preto e branco? Um estudo de 2013 afirma que o sexo entre amigos ajuda a fortalecer a relação de amizade. Realizado por Heidi Reeder, da Boise State University, nos Estados Unidos e dos 300 entrevistados, cerca de 20% dos homens e das mulheres admitiram ter tido sexo com pelo menos um amigo, em algum momento da vida. Desses 20%, 76% afirmou que a relação de amizade ficou fortalecida desde então.

Em novembro de 2014, esta teoria cai por terra. Uma pesquisa realizada pela fundação americana Society for the Scientific Study of Sexuality, com 200 pessoas que admitiram ter tido relações sexuais com amigos, concluiu que após um ano de “relação” apenas 26% conseguiu manter a amizade.

Três anos depois, em abril de 2017, um estudo da Universidades de Lodz e Silésia, na Polónia, refere que os amigos coloridos tendem a ser pessoas manipuladoras e com pouca empatia. Apresentam uma satisfação sexual mais elevada e realizam as suas fantasias sexuais mais frequentemente, confirmando que esta é uma situação propícia à descoberta e novas experiências sexuais. Mas, em contrapartida, tornam-se pessoas menos felizes e satisfeitos nas suas relações pessoais.

[Imagem de destaque: Shutterstock]

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