Fotógrafa alentejana faz exposição sobre imigração catalã em Évora

‘Ascendência Catalã’ é o nome da exposição de fotografia de Maria Carmo Duque, que aborda os temas da migração e da problemática dos refugiados/migrantes, da perspetiva do seu contributo socio-económico para os países recetores.

Para isso, a fotógrafa e realizadora foi buscar o exemplo dos catalães que se instalaram em Azaruja (concelho de Évora), no século XIX, retratando-os, em imagens, através dos seus descendentes.

A exposição, que conta com o apoio da Junta de Freguesia de Azaruja, do Museu de Évora e de entidades privadas, está patente até 17 de setembro, numa antiga fábrica de cortiça daquela aldeia alentejana. O ramo da cortiça foi, de resto, aquele em que os imigrantes catalães se destacaram.

Esses imigrantes, refere a informação sobre a exposição, trouxeram o conhecimento da indústria corticeira, transformando aquela vila rural de Évora numa “zona agro-industrial com uma dinâmica socio-económica própria, diferenciando-a de todas as zonas em redor, essencialmente agrícolas”.

Mais do que a vertente estética, o objetivo da mostra é dar a conhecer e valorizar esta particularidades histórica da vila, ao mesmo tempo que cria uma dinâmica comunitária, envolvendo os descendentes desses imigrantes no projecto da exposição. Ao todo são 53 as famílias vindas de Espanha, em meados do século XIX, em diferentes vagas e de regiões distintas, ainda que predominem as provenientes da Catalunha.

O projeto nasce com o regresso de Maria do Carmo Duque a Portugal, em 2015, depois de mais de duas décadas a viver em Paris, para desenvolver um projeto artístico, que construísse uma narrativa através dos retratos dos descendentes destes migrantes e do contexto que os envolve.

A artista, que nasceu em Azaruja, em 1961, e aí viveu os seus primeiros anos, é ela própria de ascendência catalã. Aos 27 anos partiu para a capital francesa, onde viveu até aos 54 anos.

A primeira exposição de “Ascendência Catalã” decorre durante a feira anual de Azaruja, mas está já prevista a realização de uma segunda, a decorrer no Museu de Évora, em abril de 2018.