França: Mundial de futebol feminino dá lição de rentabilidade

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Os custos de cobertura são menores, é certo. Os prémios e salários pagos às mulheres são – de forma discrepante – ainda mais baixos. Mas o encaixe financeiro com o mundial feminino, que decorre em França até 7 de julho, e por parte das televisões gaulesas está a ser bem acima do esperado. Público e marcas estão, afinal, muito atentos.

Os dois primeiros jogos da equipa feminina francesa nesta prova que agora corre, e que tem sido marcada pela luta pela igualdade salarial e de prémios (que aumentaram, mas estão ainda longe dos masculinos), registaram audiências a rondar os 10 milhões de espectadores, superando as “perspetivas mais otimistas do TF1 e Canal+”, segundo revela a imprensa da especialidade.

No jogo inaugural das “bleues” (azuis, em tradução literal), foram 9,8 milhões os que assistiram aos quatro golos frente à Coreia do Sul, numa quota de mercado a rondar os 44%, o que configurou o melhor resultado de audiência do ano. Ora, aproveitando estes resultados, o valor do espaço publicitário acaba por quase duplicar o seu valor. Os 30 segundos de anúncio no intervalo do jogo França-Noruega (partida ganha pela primeira seleção) subiram de 66 mil para 116 mil euros brutos.

Segundo compara o site RMC Sport (que integra a cadeia de canais desportivos do distribuidor Altice França), o espaço publicitário para primeiro jogo da seleção masculina francesa no Mundial de 2018 foi de 145 mil euros e o último, no qual se sagrou campeã, foi de 280 mil.

Ora, os valores são bastante diferentes, mas é bom recordar que as francesas, sob comando da selecionadora Corinne Diacre, seguem para os oitavos. Se a caminhada prosseguir após 23 de junho, a parada publicitária vai seguramente aumentar. Possivelmente não para valores do mundial masculino, mas para saltos estatísticos de relevo e que podem vir a mudar o panorama das mulheres na modalidade e forçar mudanças junto das entidades que tutelam estas provas.

Para já, uma nova tendência parece estar em marcha: houve jogos esgotados antes do arranque da prova, houve mais patrocinadores registados e uma onda de interesse bastante maior, levando mesmo alguns jornais franceses a equiparar o mundial feminino de 2019 como uma nova start up.

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Independentemente dos humores dos mercados, as atletas estão a virar o jogo e a transformar cada momento em oportunidade de luta pela igualdade.

Rentabilidade e encaixe

Segundo as contas do jornal francês Les Echoes, o jogo das francesas para os oitavos – marcado para 22 de junho – pode vir a render 9 milhões de euros em receitas. Valor que ascenderá aos 15,5 milhões caso cheguem ao quartos e 19,5 milhões se disputarem a final.

Esta mesma publicação recorda que, há um ano, o balanço e contas do mundial masculino, em que França até foi campeã, tinha apontado para uma perda de 15 milhões de euros por parte do canal que detinha os direitos de exibição a partir da Rússia.

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